22 de maio de 2007

Um neo-indigenismo na Bolívia?

Quando, em janeiro de 2006, Evo Morales se tornou o primeiro presidente ameríndio do mundo, houve debates nos meios de comunicação sobre se deviam dizê-lo "indígena" ou "índio": um termo parecia ligar-se a "pobre, indigente", e o outro à idéia errada de Colombo de haver chegado à Índia quando chegou em terras americanas. O pesquisador social boliviano Carlos Torrico aclarou aos jornalistas, como podemos ler no artigo de Sebastián Serrano "Índio e Indígena": "Acredito que acostumar-se a usar o termino índio em um contexto lingüístico que não denote conotações negativas é uma forma de desmontar essas conotações. À força de banalizar sua negatividade conseguimos desarmar sua carga pejorativa, pois poderemos um dia somar dito termo, e com o mesmo nível de significação, à lista formada por nominativos como humano, pessoa, boliviano ou venezuelano".

O editorial da última edição do jornal virtual Pukara nos põe agora a par de como está sendo a política indigenista de Evo Morales, ao alertá-lo contra os perigos do neo-indigenismo:

Incongruente, pois temos presidente indígena, mas o neo-indigenismo é promovido por seu próprio governo.
O indigenismo surgiu em terras americanas como corrente de suposta defesa do indígena, manifestando-se nas artes, literatura e política. Era a expressão do indígena pelos não-índios.
A figura do índio abundava em todas as poses, em quadros e pinturas, mas não eram indígenas os que visitavam as galerias de exposição e muito menos quem adquiriam esses quadros; o índio era o herói de relatos e novelas, mas esses livros estavam ausentes de suas moradas. No âmbito político, se discutiam medidas paternalistas de redenção do índio, enquanto este seguia ausente nos círculos de poder e decisão.
E isso porque o indigenismo era uma maneira a mais de prolongar e manter a situação de domínio e exclusão do ameríndio. Era uma manifestação romântica, superficialmente reconhecedora, dadivosa e promocional para com o índio. Se tratava de enaltecê-lo nas palavras e nas imagens, para subjugá-lo melhor na vida real das relações sociais.
Por isso uma das características do indigenismo é a hipérbole com que se refere ao índio. Cria um índio irreal, fictício, quase um super-homem, para colocá-lo no mundo ilusório da alegoria e não encarar assim ao índio real e objetivo. Atuar de outra maneira significaria eliminar as relações de dominação e ocasionar que o índio seja cérebro e ator de sua própria liberação e isso, justamente, o indigenismo busca evitar.
Agora está surgindo um neo-indigenismo e o terrível é que surge na Bolívia alentado a partir das próprias instâncias do atual governo nacional. Esta situação parece incongruente dado que temos como presidente do país a um indígena, Evo Morales, mas é real e abundantemente provada pelos fatos.
À vasta medida de atos promocionais neo-indigenistas se soma a ocorrência de convocar a “sábios indígenas” para elaborar o currículo da nova reforma educativa. Mas quê significa “sábios” para os convocadores? É o mesmo que em aymara, por exemplo, se denomina
yatiri, ou talvez amawt’a? Sabem qual papel desempenham estes atores na comunidade? Estes “sábios” serão remunerados com um salário maior do que o que ganha um deputado. Conhecem os promotores deste disparate o efeito que a monetarização produz em lugares onde ainda existem amawt’as e yatiris? Talvez sim, o conheçam e é isso mesmo que pretendem obter: a desestruturação social.
Em todo caso é uma medida de
show business, destinada ao público sensível à retórica neo-indigenista. Esquecem, entretanto, que estamos no século 21 e não no 19. Os intelectuais indígenas e não-indígenas podem ter outra aproximação ao tema e o povo já começou um levante que não pode ser distorcido nem interrompido. É urgente que o executivo mude de política, de outro modo o neo-indigenismo corre o risco de converter-se em sua lápide.

Oxalá o presidente Morales tenha capacidade de não deixar as políticas culturais de seu governo serem decididas por técnicos (teóricos) de gabinete, como andou aqui e ali sendo pretendido aqui no Brasil por alguns que quiseram até mesmo propor cartilhas de frases politicamente corretas. E que os índios, povos ameríndios, tenham voz ativa em toda e qualquer decisão referente à sua sociedade e cultura.

Um comentário:

Hugo Chávez disse...

REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA !

Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada a elite mundial, é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criou-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndio descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosas quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história do nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Oswaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam.Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma , não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Oswaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.