19 de julho de 2008

Da Vine = Jagube

O norte-americano Loren Miller conseguiu em junho de 1986 patentear nos EUA uma suposta "nova e distinta" variedade (designada então "Da Vine) de Banisteriopsis caapi , o nativo cipó jagube, utilizado como um dos principais ingredientes do tradicional composto enteogenico sul-americano conhecido como ayahuasca ou Daime. O biopicareta norte-americano alega em sua descrição para a patente que "a planta foi descoberta crescendo num jardim doméstico na floresta tropical amazônica".

Em 1994, o conhecimento desta patente chegou ao COICA, organização indígena que coordena os interesses cerca de 400 grupos nativos da bacia Amazônica. A COICA então contatou o Centro para Legislação Ambiental Internacional (CIEL), que por sua vez requisitou um reexame da patente, alegando que a dita 'nova e distinta variedade' não era nem uma coisa nem outra, e que tal concessão contrariava os aspectos públicos e morais da Lei de Patentes dos EUA devido ao conhecido uso tradicional de natureza sagrada da planta pelos nativos da região amazônica. Em 1999, o Departamento de Patentes dos EUA (USPTO) suspendeu a concessão de patente por concordar que a variedade 'Da Vine' não era distinta das variedades apresentadas pela CIEL.

Mas em 2001, o sacana conseguiu convencer o USPTO a manter a patente, principalmente porque pela data de requerimento da patente (1986), esta não estava sujeita as novas regulamentações de reexame, deixando o CIEL inabilitado para prosseguir na anulação da safadeza. Ou seja, está tudo como antes, no quartel de Abrantes. E viva a burrocracia!

Banisteriopsis caapi (cv) 'Da Vine'

Patent Number: US5751P
Publication date: 1986-06-17
Inventor(s): MILLER LOREN S (US)
Applicant(s):
Requested Patent: US5751P
Application Number: US19840669745 19841107
Priority Number(s): US19840669745 19841107; US19810266114 19810521
IPC Classification: A01H5/00
EC Classification:
Equivalents:

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Abstract
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A new and distinct Banisteriopsis caapi plant named 'Da Vine' which is particularly characterized by the rose color of its flower petals which fade with age to near white, and its medicinal properties.

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Data supplied from theesp@cenettest database

Fonte < Tudo Sobre Plantas. Foto - CHAVE - POA

18 de julho de 2008

Ixã Dua Bakê e o Instituto Yuxibu

foto de Juliano Serra

Instituto Yuxibu dos Pajés Hunikuins da Floresta. Esta a missão colocada desde a reunião sob a samaúma onde os pajés Inu e Dua do Jordão acertaram a sua criação conforme seqüência de um pensamento que começou lá em São Paulo na presença do jovem Leopardo. Daí a nova geração, forte, da família hunikuin, estar se destacando em seu mesmo propósito: agora vamos a São João das Missões, norte de Minas onde um Xacriabá, José Nunes, se tornou em 2006 o primeiro prefeito indígena eleito no Brasil, pois Ixã Dua Bakê, pajé-mirim da Coordenação de Medicina Tradicional da Terra Indígena Alto Rio Jordão, da divisa do Acre com a selva peruana, busca conhecer o trabalho de produção de medicamentos iniciado por aquela re-etnia do Vale do Rio São Francisco, guardiães do Peruaçu e da mata-branca mineira da divisa da Bahia. Índios do Acre aprendendo com os índios de Minas Gerais, e vice-e-versa... Tudo é um mesmo Brasil e um "Ĩka Neibei" (dos hunikuins) pode, é claro, se intitular "Payé" pois pajés todos os da raiz nativa xamãs dos trópicos.

Aqui em Brasília, Ixã esteve com Fernanda Kaingang, do Instituto Indígena para Propriedade Intelectual - Inbrapi, para estar conectado o futuro Instituto Yuxibu com essas mesmas preocupações de defesa do patrimônio medicinal do povo hunikuin. Por enquanto remédios como potencializadores de memória, conceptivos femininos ou antibióticos naturais não podem sequer ser patenteados pois a lei internacional de patentes aceita por força do "trading" apenas propriedade por um período de 20 anos, depois do qual todas as coisas caem em domínio público, o que no caso dos povos indígenas, privaria suas futuras populações da posse de seu patrimônio intelectual. Um tipo de norma burra que amarra muitas histórias e conserva situações de paternalismo, expropriatórias afinal da autonomia interna das nações indígenas de muitos países, e também a das brasileiras.

Pessoal da Aromaterapia: agora para Ixã o sonho é ganhar uma destiladora de óleo essencial e começar uma fábrica de incensos na Aldeia São Joaquim, que fica mais próxima do município acreano de Jordão, na foz do rio de mesmo nome, no Alto Tarauacá. Em sua própria aldeia, Belo Monte, o pai Dua Busĩ está com a Escola de Pajés já funcionando, atendendo a um contingente de interessados das aldeias vizinhas, e nosso amigo Leopardo Yawabane lá está se arregimentando para maiores vôos. O Instituto Yuxibu permitirá também conduzir projetos de documentação cinematográfica, e o primeiro projeto diz respeito ao intercâmbio com nações equatorianas no tocante à sua medicina tradicional.

Para contacto e colaborações para o Pajé Ixã Dua Bake, escrevam via: kaxinawas@gmail.com

Yuxibu


"Tomar cipó significa conhecer como se nasceu, como foi o início. O mundo que a gente recebe dentro da nossa mãe. Porque no nosso mundo o espírito está vivo. A nossa religião é Yuxibu. Ele vai buscar dentro da gente o nosso pensamento e mostra nas canções do cipó o seu segredo, o seu orgulho. Pega aquilo que você pensou e entrega tudo nas cantorias do cipó. Ele vai fundo. O Yuxibu não deixa nada de graça. Yuxibu é a jibóia e o pai dela é Exeika."

(Isaías Ibã Sales, em "Nixi Pae - O Espírito da Floresta")

7 de julho de 2008

Barin Bababo


Documentário que conta a experiência artística de Barin Bababo em Lima, em dezembro de 2007. Fonte: Botella Al Mar

A Dança das Espirais

"As primeiras brisas frias anunciam o momento de recolher. O instante mágico dedicado ao silêncio, à recomposição energética que se apresenta como um convite ao repensar mais profundo diante da fogueira, é sagrado. O Grande Lagarto se estende sobre as pedras frias, confiante e solitário, a fim de que possa sonhar o amanhã desenhando no Cosmo o respirar de cada criatura.

A hora de firmar com o Intento as aspirações mais elevadas é sutil e reforça a busca de reconexão com Pachamama, a Mãe Terra, em cujos seios estarão deitadas as ações de seus filhos, todos os filhos. Ainda que caminhando cegamente, ausentes de direção, aprisionados a uma existência antropocêntrica destituída de percepções maiores e mais ousadas, esses filhos são também uma parte da Criação, uma modesta parcela que independente de tamanho ou grau de importância, mas que pulsa e está viva.

Ignorante da existência de outros seres e mergulhado em uma soberba absolutamente bizarra, o homem parece fadado à ilusão, distorcendo com habilidade e precisão impressionantes toda a natureza do movimento cósmico simplesmente por não conseguir perceber sua própria dimensão, tropeçando na própria sombra, esquecido da luz e do brilho que reside em todos as coisas vivas.

Mesmo assim, com a chegada das brisas frias e a necessidade de recolhimento tão próprias da estação, Pachamama é generosa e assinala, incansavelmente, o convite para que suas fragmentadas criaturas dancem com as próprias sombras, à luz do fogo, trazendo aos espíritos a
lembrança ancestral dos ritos do inverno, quando a Dança das Espirais é marcada pelo som dos tambores e orquestrada pelo movimento circular galáctico. Então, quando todos os filhos houverem experimentado a difícil descida aos mundos interiores, quando tiverem ouvido e libertado todos os ais alí depositados, poderão emergir gloriosos no movimento espiral em direção à Grande Luz.

Coloridas lanternas são acesas para que nenhuma alma se perca nesta "perigosíssima" trilha e para que a metamorfose se opere quando o milho fizer estourar no fogo pequenas nuvens, a fim de que os olhos não se esqueçam de mirar os céus e os espíritos aflitos não percam de vista o eterno respirar dos sonhos..."

Foto: Richard Seaman.

4 de julho de 2008

Katxá Tirim

"When achievements have been made and there is a sense of security and 'Harvest' in the air, it is time to celebrate with one another. There is a need to get back to a simple, conservative level of enjoyment. There's a sense of being in tune with seasonal rhythms. The feeling of a healthy heart and a healthy mind, while taking a break from the struggles of providing, can bring joy to everyone involved. See if you can take time out to celebrate and to enjoy your environment".

Celebrating the warmth and providence of the Earth. The joy of nature's harvest. Joining with others to celebrate. The reality of rhythmical or seasonal adjustments. Dancing.

FOTOS DA INAUGURAÇÃO DO CENTRO DE MEMÓRIA DO POVO HUNIKUIN NO ÚLTIMO 20 DE JUNHO.