3 de maio de 2007

Rupigwara

Criança Uru-Eu-Wau-Wau

O grupo lingüístico Tupi Kawahib compreende diferentes nações indígenas na Amazônia brasileira: desde os Parintintins do Amazonas até os Uru-Eu-Wau-Wau de Rondônia, e também a tribo recentemente vítima de genocídio em Colniza, no Mato Grosso, como podemos ler nessa notícia.

Os Karipuna de acordo o Instituto Sócio-Ambiental em "Os Kawahib e a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré", também são Kawahib: "a despeito de não haver comprovação de que os atuais Karipuna de Rondônia tenham vínculos históricos com os grupos identificados como Karipuna no período de construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) , boa parte desses grupos eram Kawahib, assim como esse grupo sobrevivente".

A tese de doutorado em Psicologia de José Osvaldo de Paiva intitulada "Rupigwara: o índio kawahib e o conhecimento ativo nas diversas áreas de consciência", trata sobre essa etnia amazônica: "A partir de um trabalho de campo, este estudo pretende apresentar ao não-índio um aspecto da cultura tradicional Kawahib, com o qual espera-se abrir espaço para novas reflexões para os que querem atuar em cursos de formação indígena. Por outro lado, levar a pensar sobre a educação formal, favorecendo ao professor indígena, em termos de formação, o acesso às informações e aos conhecimentos diversos da sociedade nacional e demais sociedades. Uma pesquisa etnográfica foi realizada, com a aplicação de métodos qualitativos, por meio da observação participante, a partir da qual procurou-se demonstrar a visão cosmogônica dos Kawahib sobre um universo dividido em metades, no qual nada é completo, assim, também, se constituem as metades sociais que se completam através do casamento. Se para o Kawahib há uma concepção de meio universo, também se abre a do meio-indivíduo, embora este possa ser considerado como uma unidade de consciência, denominada ga’ra’o. Termo de designação tanto para o seu corpo quanto para a sua alma, mesmo assim, ainda, considerado uma metade, que poderá ter a prerrogativa de conquistar sua outra metade, o rupigwara. O conceito de rupigwara é o do corpo do sujeito no sonho, sob controle; consciente e atuante, que precisa sofrer o processo de mbojipowahav, ser amansado, configurado. O recurso para expor tal conceito, foi o da construção de um arquétipo do sujeito xamã kawahib, com seus sonhos conscientes através do procedimento da ae’Tokaia, como local para efetuar seus processos de realização de cura e aprendizagem, durante as suas visitas em “outros mundos”, por intermédio do seu rupigwara."

Para baixar o arquivo pdf de "Rupigwara: o índio kawahib e o conhecimento ativo nas diversas áreas de consciência", clique aqui. Para contato com o autor da tese, seu mail é: osvaldo@unir.br

O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss fala sobre os Tupi-Kawahib em "Miscellanea Paul Rivet: octogenario dicata" (México, UNAM, 1958), mas seu relato mais conhecido é em "Tristes Trópicos", onde relata o encontro que teve com essa tribo nos anos 30 (leia essa análise a respeito do caminho de mão dupla da etnografia em um fórum em inglês). Para saber mais sobre a história das etnias da Calha Sul do Amazonas, acesse aqui texto no site da OPAN.

Para escutar a mp3 de "Tupi Kawahib", faixa do álbum "La légende des Indiens", de Okolokolo (1995), veja no site dinamarquês Musikhylde.

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