Como o dinheiro é a "mola" das sociedades de exploração neocolonialista cá instaladas na América, e tais sociedades é que têm "poder de fogo" no desenho das representações iconográficas das nações, proponho uma curiosidade: de todos os países criados em solo americano (e possessões ainda existentes como várias ilhas do mar do Caribe e também a Güiana francesa), quantos deles têm os nativos ameríndios retratados em seu papel-moeda? São raríssimas, muito mais raras essas representações iconográficas que o que seria esperado, assim como poucos os países que tomaram a iniciativa de publicar a figura de seus primeiros habitantes ou de suas formas culturais. Os heróis dos panteões nacionais são em sua maioria militares e intelectuais, e assim como a representação feminina clássica da República também se encontram moças sedutoras (e até mesmo ciganas, no México!), assim como símbolos de trabalho e progresso: colheitas, mineração, transportes, práticas desportivas, etc. Representações de fauna e flora nacionais são preferíveis se na ausência de elementos culturais ameríndios, e isso certamente se deve ao estereótipo inculcado desse passado lembrar ou o atraso ou o genocídio cometido contra essas populações. Falaremos ainda aqui desse estudo iconográfico de alguns pesquisadores sobre a representação dos ameríndios nas belas-artes ou em cartões postais. Por enquanto essas figuras que apresento são tudo o que existe de papel-moeda com elementos de valorização indigenista: e não podemos deixar de pensar que em alguns casos tal "valorização" se deu apenas para usar a cultura autóctone como atração turística.
Quanto à palavra "caraminguá", que Monteiro Lobato usava na gíria de seus personagens para significar dinheiro de pouco valor, a definição do pesquisador Deonísio da Silva é:
Caraminguá: do guarani karamengwa, pela formação karame, redondo, e gwa, cesto. Tomou o significado de dinheiro porque os índios guardam seus pertences pessoais num balaio redondo. Mas, antes de indicar recurso monetário, designava o mobiliário das casas pobres. Outros nomes para dinheiro, já recolhidos nos dicionários: algum, arame, bagaço, boró, cacau, capim, cascalho, changa, cobres, erva, gaita, grana, mufunfa, níquel, pataca, pila, tostão, tubos, tutu e vintém.
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Sou um mestiço brasileiro. Pareço branco, mas não sou caucasiano. Tenho sangue karipuna, dos karipunas do Rio Jamary, hoje quase extintos nos sertões do Guaporé. O resto de minha origem (portugueses do Ceará, holandeses do Sergipe, espanhóis do Pantanal, alemães do Paraná e italianos do Rio Grande do Sul) pouco me explica. Sou brasileiro dos quatro costados e, mais que isso, um hominídeo do continente Amarakka. Estrangeiro em minha própria terra, quero poder falar a língua universal da Paz, e ter como repousar minha cabeça: por isso escrevo nessa areia e nessa arena virtual.
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