5 de maio de 2007

alguns caraminguás

Como o dinheiro é a "mola" das sociedades de exploração neocolonialista cá instaladas na América, e tais sociedades é que têm "poder de fogo" no desenho das representações iconográficas das nações, proponho uma curiosidade: de todos os países criados em solo americano (e possessões ainda existentes como várias ilhas do mar do Caribe e também a Güiana francesa), quantos deles têm os nativos ameríndios retratados em seu papel-moeda? São raríssimas, muito mais raras essas representações iconográficas que o que seria esperado, assim como poucos os países que tomaram a iniciativa de publicar a figura de seus primeiros habitantes ou de suas formas culturais. Os heróis dos panteões nacionais são em sua maioria militares e intelectuais, e assim como a representação feminina clássica da República também se encontram moças sedutoras (e até mesmo ciganas, no México!), assim como símbolos de trabalho e progresso: colheitas, mineração, transportes, práticas desportivas, etc. Representações de fauna e flora nacionais são preferíveis se na ausência de elementos culturais ameríndios, e isso certamente se deve ao estereótipo inculcado desse passado lembrar ou o atraso ou o genocídio cometido contra essas populações. Falaremos ainda aqui desse estudo iconográfico de alguns pesquisadores sobre a representação dos ameríndios nas belas-artes ou em cartões postais. Por enquanto essas figuras que apresento são tudo o que existe de papel-moeda com elementos de valorização indigenista: e não podemos deixar de pensar que em alguns casos tal "valorização" se deu apenas para usar a cultura autóctone como atração turística.

Quanto à palavra "caraminguá", que Monteiro Lobato usava na gíria de seus personagens para significar dinheiro de pouco valor, a definição do pesquisador Deonísio da Silva é:

Caraminguá: do guarani karamengwa, pela formação karame, redondo, e gwa, cesto. Tomou o significado de dinheiro porque os índios guardam seus pertences pessoais num balaio redondo. Mas, antes de indicar recurso monetário, designava o mobiliário das casas pobres. Outros nomes para dinheiro, já recolhidos nos dicionários: algum, arame, bagaço, boró, cacau, capim, cascalho, changa, cobres, erva, gaita, grana, mufunfa, níquel, pataca, pila, tostão, tubos, tutu e vintém.

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