Aos leitores
As palavras das línguas vivas dos Andes, na atualidade, têm em seu conteúdo, não só um significado semântico, mas também se pode encontrar uma mensagem pragmática, que possui características visionárias praticadas no tempo e espaços dos runas (povos) tawantinsuyanos. Mais além de dar a entender as pessoas os primeiros conteúdos ou o significado literal das palavras, as palavras do quechua contém ainda outros significados; aqueles que fazem referência a fatos, feitos, ocorrências, princípios divinos, sociais, telúricos e visionários, significados de interrelações multidimensionais e multifacéticos.
Os dicionários fazem referência a Tinku como "Encontro. Ato de encontrar-se". E, alguns outros, lhe dão como sinônimo a "choque", entendemos aqui de enfrentamento. No plano de categorias gramaticais, esta palavra (tinku) chega a ser "nome". Entretanto é mister tocar também o referente a sua atividade, ou seja, a ação; o Tinkuy. Para muitos esta palabra chega a ser simplesmente "verbo no infinitivo", cujo conceito é "Encontrar-se alguém ou algo com um opuesto, seja concreto ou subjetivo, em um tempo e espaços determinados". A característica deste verbo é a permanência do sufixo –y. Entretanto, uma das funções deste sufixo é também a de nominalizar o verbo. Isto quer dizer que Tinkuy é tanto verbo como nome. E a maioria dos verbos quechuas, em sua forma infinitiva, são também nomes confirme a quais contextos estejam se referindo as palavras que a acompanham. O fato de que muitos runas (seres humanos) se refiram à atividade de encontro como Tinku e outros como Tinkuy, tem que ver com a variedade dialetal da língua e as diferenças multidimensionais da natureza humana em relação às multidões de Ayllus (comunidades, bairros, famílias, etc.) em todo o conteúdo de Pacha.(Pachamama).
O Tinkuy ou Tinku antes que mais nada, ou seja antes de ser dança ou tipo de baile, é o "encontro de dois ou mais opostos para dar-se determinados processos e chegar a concretar um "equilíbrio" baseado em princípios cosmovisionais em que intervém as forças telúricas para o cumprimento da complementariedade paritária. Dentro deste encuentro de dois ou mais Ayllus se efetuam os compartilhamentos de posses. Uma das principais é o mukhuchinaku; uma maneira de compartilhar os alimentos dos participantes, o parlarikuy; (encontrar-se para falar, dialogar, conversar) e nisto se tocam temas de interesse que tem a ver com as realidades dos ayllus participantes, e se nos tempos Inkanos o Tinkuy era "continuado" com o Aqha, (chicha, bebida fermentada de milho) a modernidade a que todo ayllu está submetido hoje obriga a evoluir; o mais usual nos Tinkuykuna da atualidade é o álcool. Dentro destes, e muitos outros fatos mais, na atividade do Tinkuy estão presentes as apresentações de danças com características que possuem referências caracterizando ao ayllu correspondente. De modo que as danças nomeadas de Tinku que observamos atualmente são parte do Tinkuy ou Tinku. E de uma maneira simples estas ocorrências tawantinsuyanas estão levando a discussões quanto à "Origem do Tinku", que alguns querem atribuir especificamente à região ao norte de Potosí, na\ Bolívia. Na verdade o Tinkuy se dava, se dá e seguramente sempre se dará com individualidades ou ayllus em seus próprios tempos e espaços. Pensar de outro modo seria deixar atrás os princípios do povo tawantinsuyano, (de Tawantinsuyu, nome do que dizemos Império Inca) que é de reciprocidade, vida em harmonia, e alcançar a tranquilidade em interrelação com a natureza.
Os dicionários fazem referência a Tinku como "Encontro. Ato de encontrar-se". E, alguns outros, lhe dão como sinônimo a "choque", entendemos aqui de enfrentamento. No plano de categorias gramaticais, esta palavra (tinku) chega a ser "nome". Entretanto é mister tocar também o referente a sua atividade, ou seja, a ação; o Tinkuy. Para muitos esta palabra chega a ser simplesmente "verbo no infinitivo", cujo conceito é "Encontrar-se alguém ou algo com um opuesto, seja concreto ou subjetivo, em um tempo e espaços determinados". A característica deste verbo é a permanência do sufixo –y. Entretanto, uma das funções deste sufixo é também a de nominalizar o verbo. Isto quer dizer que Tinkuy é tanto verbo como nome. E a maioria dos verbos quechuas, em sua forma infinitiva, são também nomes confirme a quais contextos estejam se referindo as palavras que a acompanham. O fato de que muitos runas (seres humanos) se refiram à atividade de encontro como Tinku e outros como Tinkuy, tem que ver com a variedade dialetal da língua e as diferenças multidimensionais da natureza humana em relação às multidões de Ayllus (comunidades, bairros, famílias, etc.) em todo o conteúdo de Pacha.(Pachamama).
O Tinkuy ou Tinku antes que mais nada, ou seja antes de ser dança ou tipo de baile, é o "encontro de dois ou mais opostos para dar-se determinados processos e chegar a concretar um "equilíbrio" baseado em princípios cosmovisionais em que intervém as forças telúricas para o cumprimento da complementariedade paritária. Dentro deste encuentro de dois ou mais Ayllus se efetuam os compartilhamentos de posses. Uma das principais é o mukhuchinaku; uma maneira de compartilhar os alimentos dos participantes, o parlarikuy; (encontrar-se para falar, dialogar, conversar) e nisto se tocam temas de interesse que tem a ver com as realidades dos ayllus participantes, e se nos tempos Inkanos o Tinkuy era "continuado" com o Aqha, (chicha, bebida fermentada de milho) a modernidade a que todo ayllu está submetido hoje obriga a evoluir; o mais usual nos Tinkuykuna da atualidade é o álcool. Dentro destes, e muitos outros fatos mais, na atividade do Tinkuy estão presentes as apresentações de danças com características que possuem referências caracterizando ao ayllu correspondente. De modo que as danças nomeadas de Tinku que observamos atualmente são parte do Tinkuy ou Tinku. E de uma maneira simples estas ocorrências tawantinsuyanas estão levando a discussões quanto à "Origem do Tinku", que alguns querem atribuir especificamente à região ao norte de Potosí, na\ Bolívia. Na verdade o Tinkuy se dava, se dá e seguramente sempre se dará com individualidades ou ayllus em seus próprios tempos e espaços. Pensar de outro modo seria deixar atrás os princípios do povo tawantinsuyano, (de Tawantinsuyu, nome do que dizemos Império Inca) que é de reciprocidade, vida em harmonia, e alcançar a tranquilidade em interrelação com a natureza.
Traduzo essas palavras e explicações de um jornal boliviano, querendo deixar aqui mais esse registro da poética andina e das questões culturais "em processo" nos Andes. Este blog ficará a partir de hoje um pouco em suspenso, pois amanhã tomo o caminho do Tawantinsuyo. Na lua cheia já estarei em Cusco, e na seqüência teremos um grande Tinkuy na peregrinação ao Apu Koilloriti, onde os ayllus tradicionais se encontram para muitos dias de danças, festejos, devoção e rituais. Assim que puder estarei enviando notícias de lá. O leitor que desejar pode escrever-me pessoalmente para o mail: alcanave@gmail.com
Agradeço, a todos que aqui passarem, seu interesse e carinho para com este blog. Convido-os também a conhecer a revista da qual participo do conselho editorial, "A Arca da União", em especial no referente à cultura ameríndia os artigos:
Deixo aqui também esse vídeo como uma mostra do que são os Danzarinos de Tijera de Apurímac e Ayacucho, no Peru, uma sorte de "clown" andino cuja formação possui caráter iniciático dentro de uma confraria de expertos "dançarinos de tesoura" (para mim são reminiscências da Ásia Central que permanecem por lá):
Agradeço, a todos que aqui passarem, seu interesse e carinho para com este blog. Convido-os também a conhecer a revista da qual participo do conselho editorial, "A Arca da União", em especial no referente à cultura ameríndia os artigos:
"A Coca Andina - Uma Visão de Futuro" (Alejandro Camino)
"Cultura e Identidade nos Países Andinos" (Carlos Milla Villena)
"Qhapaq Nhan: A Rota da Sabedoria" (Javier Lajo)
"Las Palabras de la Serpiente Emplumada" (Toltecas)
"Coca Coquita, A Doce Coquinha" (José Antonio Sulca Effio)
"Cultura e Identidade nos Países Andinos" (Carlos Milla Villena)
"Qhapaq Nhan: A Rota da Sabedoria" (Javier Lajo)
"Las Palabras de la Serpiente Emplumada" (Toltecas)
"Coca Coquita, A Doce Coquinha" (José Antonio Sulca Effio)
Deixo aqui também esse vídeo como uma mostra do que são os Danzarinos de Tijera de Apurímac e Ayacucho, no Peru, uma sorte de "clown" andino cuja formação possui caráter iniciático dentro de uma confraria de expertos "dançarinos de tesoura" (para mim são reminiscências da Ásia Central que permanecem por lá):
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