13 de junho de 2007

'Y Ikatu Xingu

UMA CAMPANHA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMPARTILHADA:

01. Qual a origem da Campanha ‘Y Ikatu Xingu?

Em meados dos anos noventa as lideranças do Parque Indígena do Xingu, no nordeste do Mato Grosso, manifestaram sua preocupação com o assoreamento dos rios que cortam o parque e com a situação de ocupação e desmatamento no entorno da reserva.O Instituto Socioambiental,que atua na região desde 1994, incorporou a questão apresentada pelos índios e desenvolveu a idéia de fazer um movimento na região das cabeceiras do rio Xingu pela recuperação e conservação das matas ciliares (matas de beira de rio)que protegem suas nascentes. A degradação das nascentes e matas ciliares ameaça a qualidade de vida de 10 mil índios que habitam a região das cabeceiras do Xingu, e de cerca de 250 mil não-indígenas de 35 municípios da bacia do rio, do norte do Mato Grosso.Como as cabeceiras do Xingu se localizam fora dos limites do Parque Indígena do Xingu, o movimento pela sua recuperação deve ser feito por diversos atores regionais, além dos povos indígenas, como produtores rurais, pesquisadores, pequenos agricultores e representantes do Poder Público.

02. Quando começou a Campanha?

Em outubro de 2004,em um encontro realizado na cidade de Canarana (MT). Durante três dias, índios, fazendeiros, pequenos agricultores, agricultores familiares, ONGs, pesquisadores, professores, representantes de prefeituras de municípios da bacia e lideranças sindicais debateram a situação das nascentes e matas ciliares do rio Xingu. Propuseram ações e estratégias para reverter a situação e tudo isso foi consolidado em uma carta de princípios, chamada Carta de Canarana.

03. O que significa ‘Y Ikatu Xingu?

A expressão,na língua Kamaiurá (Kamaiurá é um dos povos xinguanos)quer dizer “Água Boa,Água Limpa do Xingu ”. A expressão foi escolhida pelos 340 participantes do Encontro de Canarana, a partir de várias sugestões de nomes para batizar a Campanha. Todos eles foram colocados em votação e o nome vencedor foi ‘Y Ikatu Xingu.

04. A Campanha ‘Y Ikatu Xingu é destinada a quem?

A todos os que se preocupam com a preservação do rio Xingu, símbolo da diversidade biológica e cultural do Brasil.E para que seja o mais ampla possível, reúne segmentos tão diferentes quanto povos indígenas, grandes e médios agricultores, agricultores familiares, pesquisadores, organizações da sociedade civil, sindicatos, prefeituras etc. Essa união é um fato inédito, resultado do esforço de todos os envolvidos, o que torna a Campanha ‘Y Ikatu Xingu uma mobilização de todos, sem exceção.

05. O que a Campanha ‘Y Ikatu Xingu fez até agora?

Ações e iniciativas para a proteção e recuperação das matas ciliares,por meio de articulações com diferentes órgãos governamentais (Incra, Embrapa, Ministério das Cidades, MMA e MDA) e não-governamentais, sempre de olho na diversidade dos atores envolvidos. As articulações têm resultado em estudos e propostas para melhorar o saneamento ambiental dos municípios da bacia que se encontram em situação precária, sobre a situação da agricultura familiar, além de pesquisas e projetos para a restauração de nascentes e matas ciliares.
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06. Qual a extensão do rio Xingu e de sua bacia hidrográfica?

O rio possui cerca de 2,7 mil quilômetros,cortando o norte do Mato Grosso,o Estado do Pará e desembocando no rio Amazonas. No Estado de Mato Grosso, o rio Xingu tem 1,2 mil quilomêtros. A Bacia do Rio Xingu tem no total 51,1 milhões de hectares – o dobro da extensão do Estado de São Paulo –,e nela vivem aproximadamente meio milhão de pessoas,sendo que deste total cerca de 13 mil pessoas são indígenas,representantes de 24 etnias.

07. Qual a área desmatada na região das cabeceiras do Xingu?

A região das cabeceiras do Xingu, localizada no Mato Grosso, tem 17,7 milhões de hectares. Deste total,5,5 milhões e meio de hectares foram desmatados até 2005, de acordo com levantamento do Laboratório de Geoprocessamento do ISA. Isso representa quase um terço de toda a bacia do Xingu.

08. Qual a extensão da área de matas ciliares degradadas nas cabeceiras do rio Xingu?

Mata ciliar é a vegetação que margeia e protege os cursos d ’água. Também segundo dados do Laboratório de Geoprocessamento do ISA,até 2005, o desmatamento de matas ciliares atingiu 270 mil hectares.

09. O que é o Parque Indígena do Xingu?

É uma extensa área – 2,8 milhões de hectares e um perímetro de 920 km - no norte de Mato Grosso, criada pelo governo federal em 1961.O parque está localizado em uma zona de transição ecológica, formada por florestas tropicais ao norte e Cerrado ao sul e abriga vários povos indígenas. A ocupação e colonização dessa região, na qual o parque está situado, se deu a partir da década de 1970.

10. Quantos povos indígenas vivem na região das cabeceiras?

São 14 povos dentro do Parque Indígena do Xingu, a saber: Aweti; Kaiabi; Nahukwa; Yudja; Kalapalo; Kamaurá; Mehinako; Matipu; Kuikuro; Kisêdjê (Suya); Trumai; Txikao; Waura; Yawalapiti.Estes povos somam uma população de cinco mil pessoas, distribuídas em 49 aldeias e postos indígenas. Já os povos indígenas que vivem fora do Parque, mas na região das cabeceiras são os Xavante,os Kaiapó, os Panará e os Tapaiuna.A população destas quatro etnias na região das cabeceiras do Xingu soma cerca de 5 mil indivíduos.

11. Como se sustenta a Campanha ‘Y Ikatu Xingu?

Basicamente com esforços e recursos das instituições que aderiram a ela e das parcerias e apoios que estas entidades estão mobilizando. Atualmente existem diversas organizações,como sindicatos,prefeituras e ONGs desenvolvendo projetos de recuperação de mata ciliar na região das cabeceiras,motivadas pelos compromissos com a Campanha ‘Y Ikatu Xingu. O ISA é uma destas organizações e sua atuação também inclui a comunicação e mobilização para o fortalecimento da Campanha ‘Y Ikatu Xingu,além da articulação entre os diversos atores envolvidos. Para a Campanha ‘Y Ikatu Xingu atingir seus objetivos – a recuperação das matas ciliares e nascentes do Xingu – devem ser investidos muito mais recursos humanos,, financeiros e técnicos.

O passeio de Gisele Bündchen no Parque Indígena do Xingu, em 2005, inspirou a criação das sandálias temáticas Ipanema Gisele Bündchen - Brasil à flor da pele. Mais do que um simples lançamento, a nova linha da Grendene faz parte da campanha em prol do projeto Y Ikatu Xingu, ou Salve a Água Boa do Xingu. Os próprios índios kisêdjê definiram as estampas do produto. Eles também participam do comercial criado pela W/Brasil, realizando o ritual “Dança da Chuva”, que dá nome ao filme (assistir aqui). Assim como os índios que contracenam com Gisele, os trajes e a trilha sonora são autênticos. A direção criativa é de Rui Branquinho, que assina a criação com Celso Alfieri. Andrucha Waddington dirigiu o filme pela Conspiração Filmes. A finalização é de Melissa Flores, e as fotos dos anúncios, de Paulo Vainer. Percival Caropreso, da Setor 2 1/2, foi responsável pela escolha do Projeto Y Ikatu Xingu, que receberá parte do lucro obtido com a venda das sandálias.

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