15 de junho de 2007

Ayahuaska Jívara

"NATEEM ou AYAHUASKA: é cipó sagrado que existe na selva da América latina e se usa para fortalecer o corpo humano, a memória e sua transmissão através das ciências orais em diferentes culturas de toda a Amazônia.

Na comunidade Shuar Yawints’ do Equador existem 27 cipós diferentes com nomes próprios e para diferentes aplicações como: curas, limpezas e rituais. O segredo dos remédios e plantas sagradas dos povos e nações originários é cobiçado pela sociedade ocidental. Cujos poderes das plantas deram a segurança de uma existência e desenvolvimento permitindo vida e liberdade a diferentes povos e nações.

Atualmente existem vários estudos realizados por cientistas internacionais e organizações que vendem produtos ecológicos na União Européia , EUA, Ásia e outros. Na maioria dos casos que foram diagnosticados, os beneficiários diretos das ciências ancestrais são os cientistas ou um minúsculo grupo de pessoas com o conto de ajudar à humanidade.

Muitas vezes não se conhece a verdade sobre o Nateem ou Ayahuaska: em outros povos e nações são conhecidos com outros nomes e com diferentes maneiras de preparo e aplicação. Na nação Shuar de Yawints’ temos nossas maneiras de preparar e aplicar.

Mas desde a origem das ciências ancestrais dos povos originários da selva amazônica se desenvolveu uma forma de viver em harmonia com toda a diversidade entre a terra, o homem e o universo. Foi onde as plantas medicinais e sagradas desempenharam uma função importante para o desenvolvimento de nossos saberes. Isto também se observou em outras culturas do mundo às quais estendemos nosso total respeito e seriedade.

Nos séculos 17 ao 18 foram conhecidas como plantas malignas utilizadas por bruxos, satanistas e feiticeiros. Do final do século 19 a0 20 foi conhecida como droga em nível mundial. Ao final do século 20 e no início do século 21 passa a ser reconhecido como planta medicinal, vitamínica e alucinógena

A grande maioria das pessoas o que quer e deseja conhecer do Nateem ou Ayahuaska é o efeito que se produz ao se ingerir esta medicina sagrada; a qual possui um poder natural e um efeito especial para gente seletiva.

A medicina sagrada é para uma missão especial, as plantas medicinais são curativas e totalmente diferentes às sagradas. A missão das plantas sagradas é fortalecer as ciências humanas e sustentar as conexões entre a terra, o homem e o universo em um espaço diferente.

Um, por exemplo:

Nos hospitais modernos se usam os raios X e exames para diagnosticar as enfermidades que estão dentro do corpo humano.

Na comunidade Shuar Yawints’ um Uwishint’ ou curandeiro (xamã) examina ao doente bebendo o Nateem. O efeito desta planta faz com que o Uwishint’ visualize a doença como se fosse uma máquina humana de raios X ou outro equipamento similar.

Os satélites a partir do espaço podem detectar e visualizar os câmbios climáticos e outros movimentos do universo.

O Uwishint’ Shuar depois de ingerir sua medicina sagrada pode fazer o mesmo trabalho que faz um satélite sem tantos gastos tecnológicos e econômicos. Ou seja, o Shuar da floresta sabe cada dia sobre a mudança climática e o que haverá nas próximas gerações.

Esta realidade das ciências ancestrais é incrível para os olhos dos cientistas e grandes universidades que estudam e estudaram o campo misterioso das plantas sagradas. Para nós não é novidade o avanço tecnológico da humanidade, é simples... o que somos em carne, osso e no invisível, construímos em matéria para expor como uma fonte de necessidade para o desenvolvimento.

O homem tem que enxergar para acreditar, uma má educação impera em todas as sociedades da humanidade antiga e moderna. Por quê não podem entender e respeitar a ordem da vida natural e sua evolução? É bem simples detectar esta verdade; nas grandes e pequenas universidades só se estudam e não se praticam os verdadeiros princípios da humanidade e a organização global do universo.

Neste caso é muito importante conhecer, entender, refletir e atuar…não podemos seguir causando danos irreparáveis ao planeta, não se pode alterar a ordem das energias naturais que está formada mediante uma rede através de todo o universo. Uma das conexões é a terra e seus elementos.

Nos últimos tempos, os estudos científicos se esbanjam e os laboratórios internacionais se interessam nos poderes curativos das plantas medicinais e sagradas. Além disso não são apenas os cientistas os que intentam explorar as ciências ancestrais, também se somam a estes os neo-xamãs e os jovens atuais das grandes cidades e universitários.

Poucas são as vezes em que alguns são conscientes dos efeitos e poderes das plantas medicinais e sagradas (alucinógenas) mas outros até intentam subornar aos líderes e chefes para saciar o prazer de seus gostos. Em certa ocasião um homem branco chegou de terras distantes para aprender as ciências ancestrais em nossa comunidade. Este homem pedia que se lhe desse a beber o Nateem ou Ayahuaska. Quando o pedido foi negado nos ofereceu dar 50 dólares, se continuou a negar-se a ele várias vezes e ofereceu pagar 100 dólares. Mas foi negado tal pedido e se lhe deixou em observação durante uma semana dentro da comunidade Shuar Yawints’.

Um fim de semana pela manhã se acercou ao fogo e com um sorriso me disse: é linda tua mulher. Eu lhe respondi: sim, é muito formosa. Com outro sorriso me disse: me poderias emprestar tua mulher por 15 dias para que me acompanhe ao litoral? Te darei algumas coisas de valor. Disse isto e me me mostrou uma lanterna e um poncho de chuva. Eu o olhei nos olhos e lhe disse: queres levar minha mulher para ti? E queres pagar-me? O homem branco me disse: sim, adivinhaste certo! Eu lhe disse: tradicionalmente existem duas opções para que leves minha esposa contigo:

1.- Deves trazer-me três mulheres brancas em troca de minha mulher, ou
2.- Deves matar-me e cortar minha cabeça e entregar ao chefe da comunidade.

O homem branco me olhou com espanto e surpreendido, e para terminar lhe disse: irmão branco, não digas de verdade nem de brincadeira, a mulher aqui e onde estiver é sagrada e única. Hás cometido um erro, mas te desculpo, vai-te em paz e não regresses nunca!!!

Se colocou em pé e muito nervoso me disse: irmão, por favor desculpe-me, desculpe-me desculpe-me! E foi embora e não cumpriu seus desejos de ser ou querer cumprir seus sonhos estranhos. Minha esposa chegou logo e me disse: por que não se chateou com ele? Eu respondi à minha esposa: o homem branco não conhece nossas leis e nossas regras. Minha esposa ficou tranqüila e me disse: está bem respeitar ao estranho.

Em outra ocasião chegou um homem para aprender as ciências da selva. No dia seguinte que chegou queria ingressar às cachoeiras sagradas. Como não foi levado se chateou tanto que regressou a seu mundo e disse coisas de sua imaginação contra toda a nossa nação.

O que pretendo dizer em profundidade é que as ciências ancestrais ou os saberes dos povos originários merecem ser conhecidas, entendidas e respeitadas. O fato de que os povos e nações não possuem geopolíticas internacionais não deve autorizar a exploração de nossas ciências.

Por isso se sugere ao mesmo shuar, aos povos e nações de todo o mundo que sejamos realistas e entendamos que não se podem violar as normas e leis das plantas e medicamentos sagrados. Para alcançar a entender os poderes das plantas medicinais e sagradas não é através da ingestão em excesso. Se deve ingerir com sábios de verdade, os quais antes e logo depois dos efeitos nos ajudam a compreender os símbolos e significados presenciados durante os efeitos.

O Nateem ou Ayahuaska tem um poder ativo para o ser humano, e isto é desconhecido pelas ciências ocidentais. É muito claro que ainda não são suficientes os estudos nos laboratórios, pois o poder real deste cipó sagrado precisa ser estudado em outro terreno e em outra dimensão. Do mesmo modo outras plantas curativas e sagradas devem ser tratadas com total prudência e respeito.

Ainda assim se deve rechaçar a todos os oportunistas estudiosos (indiólogos) que ingressam aos territórios dos povos e nações originários com o conto de prover humanitariamente as necessidades das comunidades. Tendo em conta que sim, existem irmãos e irmãs brancos que o fazem de coração, mas há outros que o fazem em troca de algo mais e sobretudo com a intenção rasteira de usufruir segundo seus interesses.

Quando falo em rechaçar, não é violentar sua integridade física ou psicológica, e sim que não se lhes deve dar informação nem ensinamentos de nossos saberes ancestrais em troca de insignificantes valores materiais que muitas vezes oferecem estes indivíduos.

Como alternativa sustentável nós os povos e nações devemos emprender, fortalecer e valorizar as ciências ancestrais. Alguma vez, mais do que vender, necessitaremos das plantas medicinais e sagradas para curar a nossos filhos os quais nos substituirão para dar vida à vida.

Irmãos e irmãs brancos, eu acredito e confio em cada um de vocês… essa confiança é para que alguma vez vocês conheçam, entendam e respeitem o que é a cultura das plantas medicinais e sagradas. Vocês e eu não podemos ser doutores ou cientistas com uma semana de aulas, tudo se alcança através de um ensino complicado e completo ao longo de muitos anos. Desta mesma maneira se requerem muitos anos para aprender as ciências da floresta e suas boas aplicações.

Todo ensino tem un sacrifício e um valor incalculável, mas sobretudo não se deve permitir a exploração de nossas riquezas ancestrais neste mundo globalizado que faz com que nos vendam o que tiram de nós ou de nossas próprias terras.

Não bebas o Nateem ou a Ayahuaska se não estás seguro e preparado, se queres beber consulte a um sábio de verdade e peça que te cuide antes, durante e depois do ritual. Sob o efeito podem-se enxergar e sentir coisas lindas ou horríveis, isto deve ser traduzido por uma pessoa que sabe destas visões, os símbolos e os significados.

Os valores ancestrais nos tornam sábios e indomáveis!"

Texto de Tzamarenda Naychapi E. , mensageiro da nação shuar de Yawints’: conheça também o site do Yawints Arutan Mura Inn.
Ainda sobre o tema, em "Visión Chamánica" e em "A Arca da União" se pode ler de Germán Zuluaga, "La Cultura del Yagé - Un Camino de Indios".

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