13 de junho de 2007

Ameríndios em Quadrinhos

O desenhista Sergio Macedo vai ser um dos homenageados da edição 2007 do Troféu HQMix. Ele será premiado na categoria Grande Mestre, que lembra nomes importantes do quadrinho nacional. A informação foi passada ao desenhista por um dos integrantes da comissão organizadora do prêmio, o principal do país na área de quadrinhos. No ano passado, a categoria Grande Mestre homenageou Ignácio Justo, desenhista especializado em histórias de guerra. Ele teve trabalhos muito populares na década de 50. Os premiados na edição deste ano do HQMix vão receber um troféu inspirado em Kactus Kid, caubói criado por Renato Canini. O troféu vai simular um dólar furado (veja aqui). A entrega dos prêmios vai ser no dia 11 de julho, no Sesc Pompéia, em São Paulo.

Sergio Macedo é o primeiro nome do HQMix que "vaza" para o público. Segundo o site do evento, os vencedores serão divulgados somente a uma semana da premiação. Macedo iniciou a carreira no Brasil na primeira metade dos anos 70, mas fez fama no exterior. Produziu 15 álbuns, a maior parte na Europa. Os trabalhos dele são inéditos no Brasil.

Uma história em quadrinhos inédita conta a trajetória dos índios brasileiros antes, durante e depois do descobrimento. O álbum está quase pronto para ser publicado e é negociado com quatro editoras. O álbum conta a história de pelo menos 12 tribos. As imagens foram mostradas em primeira mão pelo Blog dos Quadrinhos. A trajetória cronológica dos índios foi narrada por Sergio Macedo, desenhista brasileiro mais conhecido no exterior do que por aqui. Ele morou dois meses no Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso. A experiência foi no início de 1987. O álbum também começou a ser produzido nessa época."

Desde criança, minha paixão eram os índios", diz o desenhista. "Meus pais diziam que eu era adotado por índios. Eu adorava." A realização do sonho de criança rendeu muitas histórias. Uma delas já inspirou um álbum em quadrinhos, "Xingu!", lançado na França em 1989. A obra tem o cacique Raoni como um dos personagens. Sua fonte de informação eram as histórias de vida ouvidas nas diferentes aldeias. Os relatos passam de geração para geração, de tribo para tribo. "Os índios se intervisitam", diz. "As tribos se comunicam muito. Aprendi com os diálogos entre um índio e outro." O álbum inédito, segundo ele, vai reunir todos esses relatos, tribo por tribo. "[Vai] ser estritamente cronológico. Não tem nada de ficção. É didático, pedagógico, como um documentário, com começo e fim."

A aventura com os índios, vivida em janeiro e fevereiro de 1987, é apenas uma das histórias do desenhista brasileiro Sergio Macedo. O desenhista saiu do Brasil em 1974 rumo à França. Na Europa, conseguiu consolidar a carreira artística, iniciada aqui anos antes, com trabalhos em publicações alternativas, como a extinta revista independente "Grilo". Macedo se tornou um bem-sucedido e reconhecido desenhista de álbuns europeus. Já tem 15 publicados. Leva de seis meses a um ano para produzir cada um. Segundo ele, vive dos trabalhos que faz. E de trabalhos avulsos, como capas de livros e revistas.

O álbum de Sergio Macedo sobre os índios do Xingu recupera a história das aldeias e a memória de alguns personagens famosos ligados ao tema. É o caso do sertanista Orlando Villas Boas (1914-2002), que conviveu parte da vida com os índios, e do xavante Mário Juruna (1942-2002), que foi deputado federal na década de 80.

Fonte: Blog dos Quadrinhos.

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