Patricia Troncoso, não se deixe morrer!
Patricia Troncoso Robles, "La Chepa"
"O povo mapuche, sua história, sua cultura, suas lutas, têm sido encobertas por um manto de silêncio. As poucas notícias que chegam desde o sul do Chile estão quase sempre vinculadas à repressão ou a denúncias de “terrorismo” por parte do Estado chileno. Apesar do isolamento social e político, reduzidos a uma penosa sobrevivência nas áreas rurais e a empregos precários e mal pagos nas cidades, continuam resistindo às multinacionais florestais e às hidrelétricas, buscando manter vivas suas tradições." (Raúl Zibechi)
"O povo mapuche, sua história, sua cultura, suas lutas, têm sido encobertas por um manto de silêncio. As poucas notícias que chegam desde o sul do Chile estão quase sempre vinculadas à repressão ou a denúncias de “terrorismo” por parte do Estado chileno. Apesar do isolamento social e político, reduzidos a uma penosa sobrevivência nas áreas rurais e a empregos precários e mal pagos nas cidades, continuam resistindo às multinacionais florestais e às hidrelétricas, buscando manter vivas suas tradições." (Raúl Zibechi)
No Chile, em um comunicado público a Equipe Jurídica de Apoio dos Presos Políticos Mapuche, informou que se está impedindo à presa política Patricia Troncoso Robles, em greve desde o dia 10 de outubro de 2007, comunicar-se telefonicamente com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, como havia sido solicitado por Santiago Cantón, Secretário-Executivo do organismo internacional. Patricia Troncoso, chamada "La Chepa", foi primeiramente acusada de incêndio e ameaças terroristas contra o latifundiário Juan Agustín Figueroa, causa da qual foi absolvida em duas oportunidades. Também foi acusada por associação ilícita terrorista, causa da qual foi deixada em liberdade. Atualmente ela se encontrava presa em Angol, condenada a dez anos de prisão pela Lei anti-terrorista chilena, porque junto a outros indígenas, em dezembro de 2001, ateou fogo no campo Poluco Pidenco, área indígena invadida pela empresa Forestal Mininco, um dos maiores grupos econômicos do país. A ativista pede por sua liberdade por já ter cumprido metade da pena, o que é impedido pelo fato de ter sido julgada de acordo com a Lei Anti-terrorista. Estava prevista uma reunião entre líderes mapuches e o secretário geral da presidência do Chile, José Antonio Viera Gallo, quando Patricia foi transferida para tratamento médico em Chillán.
Depois de cem dias de greve de fome, a comuneira mapuche está agora em estado crítico. O governo "socialista" de Bachelet não tem dado nenhuma resposta, e há risco de uma morte iminente. por isso e tratando de evitar esse desenlace, todos esforços têm sido feitos pelos ativistas de direitos humanos indígenas para evitar o pior.
Depois de cem dias de greve de fome, a comuneira mapuche está agora em estado crítico. O governo "socialista" de Bachelet não tem dado nenhuma resposta, e há risco de uma morte iminente. por isso e tratando de evitar esse desenlace, todos esforços têm sido feitos pelos ativistas de direitos humanos indígenas para evitar o pior.
O último comunicado de Patricia Troncoso (La Chepa), desde Chillán, foi enviado no último dia 17 de janeiro:
"A meu querido povo mapuche, e a todos os povos explorados e oprimidos:
Aqui me encontro lutando contra o estado opressor assim como vocês... Cada dia e cada noite, não com minha força, senão com a força e garra que vocês me deram. Queridos Lamien, de que podem nos acusar? De que somos culpados? Se só buscamos ter justiça, a que sempre o invasor nós negou... De que nos acusam então? De não ceder frente à soberba de que hoje nos golpeiam, nos assassinam e nos prendem. Cada um de nós não perdeu a memória, cada um de nós resistiu ao longo dos anos à exploração e ao despojo, cada um de nós segue sentindo desde seu interior a voz do avô, da avó, que nos contaram como ocorreram os saqueios. Cada um de nós, tem hoje motivo para seguir resistindo e seguir lutando. Com a bravura dos konas antigos, com sua lealdade, sua valentia e também sua sabedoria.
Cada um de nós tem uma responsabilidade, a responsabilidade de defender a todos os que generosamente lutam para apoiar ao Povo Nação Mapuche às comunidades e a todo o povo pobre e explorado. Ânimo, sigamos adiante, mais unidos que nunca para defender nossos direitos de terra e liberdade. Weuwain pu lamien, newen pu lamien. Onde há coligues, coligues nascerão: se morre um, dez se levantarão!
"A meu querido povo mapuche, e a todos os povos explorados e oprimidos:
Aqui me encontro lutando contra o estado opressor assim como vocês... Cada dia e cada noite, não com minha força, senão com a força e garra que vocês me deram. Queridos Lamien, de que podem nos acusar? De que somos culpados? Se só buscamos ter justiça, a que sempre o invasor nós negou... De que nos acusam então? De não ceder frente à soberba de que hoje nos golpeiam, nos assassinam e nos prendem. Cada um de nós não perdeu a memória, cada um de nós resistiu ao longo dos anos à exploração e ao despojo, cada um de nós segue sentindo desde seu interior a voz do avô, da avó, que nos contaram como ocorreram os saqueios. Cada um de nós, tem hoje motivo para seguir resistindo e seguir lutando. Com a bravura dos konas antigos, com sua lealdade, sua valentia e também sua sabedoria.
Cada um de nós tem uma responsabilidade, a responsabilidade de defender a todos os que generosamente lutam para apoiar ao Povo Nação Mapuche às comunidades e a todo o povo pobre e explorado. Ânimo, sigamos adiante, mais unidos que nunca para defender nossos direitos de terra e liberdade. Weuwain pu lamien, newen pu lamien. Onde há coligues, coligues nascerão: se morre um, dez se levantarão!
AMULEPE TAIÑ WEICHAN
MARRICHIWEU
Lamien Chepa
MARRICHIWEU
Lamien Chepa
Em resposta, Aymara Falcon, (Comunidad Tawantinsuyu) está buscando mobilizar a sociedade civil divulgando esta carta por ela endereçada a Patricia e pedindo mais manifestações em defesa da vida de "La Chepa":
Carta aberta para Chepa: Irmã das resistências: não morras!
"A cem dias de tua greve de fome, Chepa, te escrevemos com todo o respeito que temos por tua atitude valente de denúncia da morte silenciosa de teu povo, com todo o orgulho que temos de que tua voz de mulher rebelde, de filha da terra, tenha superado as diferentes mordaças impostas por um sistema que continua sendo genocida dos condenados e condenadas da terra, com toda a admiração que sentimos perante tua inquebrantável decisão de fazer valer a palavra e a identidade de teu povo.
Daqui te escrevemos para pedir-te: não morras.
Te pedimos por ti, porque é necessário teu testemunho e tua consciência, tua coragem e tua vida.
E te pedimos por nós. Porque se morreres de dignidade, nós morreremos de vergonha.
Porque se achas que a única maneira de viver e de que viva tua mensagem é morrendo, diante da indiferença de um governo e de um sistema que despreza a seu povo, é porque nós não encontramos ainda a forma de fazer ouvir uma voz coletiva, forte, combatente, intransigente, que junto a ti exija por todos os direitos: a liberdade, mas também o território, a identidade, a justiça.
Te pedimos Chepa que não morras, e te dizemos isto a partir de nossa indignação e de nossa rebeldia.
Dá-nos a oportunidade de gritar não só para que se acabe tua agonia, e possas viver em liberdade; tu como cada irmão e irmã de teu povo que estão detrás das grades, ou fugitivos, ou penando no desamparo, ou esquivando-se das balas.
Dá-nos a oportunidade de refazer uma demanda coletiva amassada em sangue e terra, que multiplique teu corpo exausto sem baixar bandeiras.
Não te pedimos, Chepa, que te rendas. Isto seria imperdoável. Te pedimos que te multipliques.
Para isso te oferecemos nossos próprios corpos com disposição para a denúncia, para a luta, a estabelecer a urgência de disparar ternura, contra uma sociedade capitalista que mata e saqueia, porque é a única linguagem que expressa seu sistema depredador.
E se finalmente Chepa não chegarmos a ser escutadas nesta volta da história, queremos que saibas que aqui estamos. Que aqui seguimos. Que continuaremos multiplicando resistências.
Que por cada uma que caia, dez se levantem."
Maiores informações: Blog Keupumilla, Mapuche-Nation e Indymedia.
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