A Bolívia e o racismo
Na última terça-feira, falando à nação boliviana em seu programa de rádio às seis horas da tarde, o primeiro presidente indígena da América, Evo Morales Ayma, condenou que em pleno século 21 o racismo se mantenha incólume nesse país de nove milhões de habitantes e onde pelo menos 62 por cento de sua população possui raízes indígenas: aymara, quechua e tupi-guarani.
Nesse contexto, Morales assegurou aos legisladores presentes no Congresso Nacional que, revisando a história, “constatamos que os conquistadores (espanhóis) consideravam que os indígenas não eram seres humanos, motivo pelo qual se podiam roubar seus bens, escravizá-los e matá-los”.
O chefe de estado foi mais além e leu palavras com que se expressaram bolivianos que no passado incentivaram o racismo contra a população originária, como o escritor crucenho René Gabriel Moreno, que sustentava que o índio é uma calamidade arcaica, “sombrio, asqueroso e sorrateiro, e que por seu cérebro incásico é incapaz de assimilar o cristianismo”.
Por seu lado, o ex-presidente Mariano Bautista afirmava que “a classe letrada e a cristã sente pelos aymaras um grande horror, os contemplei desde minha meninice com espanto pela humanidade”.
Com essa mesma visão racista se pronunciava o também ex-presidente José Manuel Pando, que declarava “que os índios são seres inferiores e sua eliminação não é um delito mas sim uma seleção natural”.
“Bautista Saavedra dizia que o índio é apenas uma besta de carga, miserável a que não há que se ter compaixão e ao qual se deve explorar até o desumano e o vergonhoso”, rememorou Morales.
Por isto e recopilando esse passado de ódio e discriminação para com os indígenas, o Mandatário boliviano assegurou: “sinto que o racismo continua vigente”.
Fonte: Katari
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