O Rei Quiché
Na Guatemala, durante a Colônia e por volta de 1700, o bispo Cortés y Larraz, fazia referência do povoamento de Santa Cruz del Quiché como município. Segundo ele, o idioma falado em uma parte da região era o k'iche'. Além disso afirmava; “entendo que entre seus papéis se encontrariam nestes povoados raras histórias do rei de Quiché; porque estes índios têm (a meu parecer) esperanças muito vivas de voltar a tê-lo, e eu próprio, ou com algum cuidado, com vários pretextos consegui com que me dissessem como era o rei de Quiché e falam disto com muita individualidade e veneração”.
Ontem, durante os festejos da posse do novo presidente da Guatemala, Álvaro Colom, as marimbas entoaram o "Rei Quiché", o hino dos maias que Colom adotou, no lugar da marcha militar "La Granadera", que acompanhou até agora todos os presidentes da Guatemala. Em discurso, Colom, do partido Unidade Nacional da Esperança (UNE), agradeceu a Deus "por permitir que a Guatemala chegue a uma nova etapa, de mudança e transformação". "Nosso frágil sistema político permitiu um milagre em 4 de novembro. Apesar de tudo, ganhamos", afirmou, numa referência à primeira vitória social-democrata no país depois de cerca de 50 anos de governos direitistas.
Representantes dos 23 povos maias, dos quase extintos xincas, do Pacífico do país, e dos garífunas, anfro-guatemaltecos, coloriram com as suas vestimentas tradicionais o Palácio Nacional da Cultura. Oito anciãos representantes dos xincas, maias e garífunas entraram na praça pelos quatro pontos cardeais para apresentar sua saudação ao novo governante. O Conselho de Anciãos Maias foi convocado pela primeira vez na história moderna da Guatemala para uma cerimônia de posse. Um deles, Guacatel Itiu pronunciou um discurso no qual destacou a coincidência com o dia da sabedoria no calendário maia, o "nagual da inteligência".
"Aqui está presente o espírito de nossos antepassados, somos um povo de uma cultura milenar herdada por nossos avós. Ricos ou pobres, negros, brancos ou mestiços, todos temos o mesmo valor e merecemos respeito porque somos úteis para o desenvolvimento", disse Itui. Ele denunciou que "muitos acham que não existe racismo na Guatemala, mas há desprezo pelos integrantes dos povos indígenas". E pediu que o novo Governo trabalhe para eliminar a desigualdade social e a discriminação.
Após a sua mensagem, o dirigente espiritual entregou a Colom o bastão de autoridade do Conselho de Anciãos, que tem inscritos os nomes das 23 etnias indígenas. "Jure ser um presidente de todos os guatemaltecos e não só de um grupo privilegiado. Que não seja um comandado dos empresários", pediu o líder maia, sob aplausos dos convocados para a cerimônia na Praça da Constituição. Colom comentou que conhece o Conselho de Anciãos há 14 anos e sabe o que representa o bastão. Se não cumprir a sua promessa, explicou, ele será retirado das suas mãos.
"É uma grande responsabilidade receber este bastão", afirmou o presidente. Ele anunciou a criação de uma "embaixada de povos indígenas" para promover a comunicação com outras etnias da América. Frente a Colom, os representantes dos povos aborígines guatemaltecos celebraram um ritual com milho, acenderam velas e queimaram incenso "para que os espíritos dêem sabedoria ao novo presidente".
O "baile do veado", interpretado pelo Grupo Artístico Rab'in Ajaw ("A filha do rei", no idioma keqchi), começou em seguida. O grupo, integrado por 20 meninos e meninas indígenas, foi criado em 2000, segundo explicou à Efe seu coordenador, Guillermo Saquil, para promover os valores tradicionais e culturais originais do país.
A Guatemala é um dos países mais pobres da América Central, com renda per capita de US$ 2,4 mil ao ano, 51% dos 13 milhões de habitantes na pobreza e 15% na pobreza extrema, com menos de um dólar ao dia. A pobreza atinge especialmente a população indígena, que representa 52,8% do total. O social-democrata Álvaro Colom, investido como presidente de Guatemala para o período 2008-2012, tomou também o juramento a seu primeiro gabinete de ministros, no qual figuram um indígena e uma mulher. O indígena Jerónimo Lancerio será ministro de Cultura e Esportes, enquanto que Ana Ordóñez de Molina jurou como titular do Ministério da Educação.
Fontes: BBC Brasil, Una Fuente e Viaje a Guatemala.
Ontem, durante os festejos da posse do novo presidente da Guatemala, Álvaro Colom, as marimbas entoaram o "Rei Quiché", o hino dos maias que Colom adotou, no lugar da marcha militar "La Granadera", que acompanhou até agora todos os presidentes da Guatemala. Em discurso, Colom, do partido Unidade Nacional da Esperança (UNE), agradeceu a Deus "por permitir que a Guatemala chegue a uma nova etapa, de mudança e transformação". "Nosso frágil sistema político permitiu um milagre em 4 de novembro. Apesar de tudo, ganhamos", afirmou, numa referência à primeira vitória social-democrata no país depois de cerca de 50 anos de governos direitistas.
Representantes dos 23 povos maias, dos quase extintos xincas, do Pacífico do país, e dos garífunas, anfro-guatemaltecos, coloriram com as suas vestimentas tradicionais o Palácio Nacional da Cultura. Oito anciãos representantes dos xincas, maias e garífunas entraram na praça pelos quatro pontos cardeais para apresentar sua saudação ao novo governante. O Conselho de Anciãos Maias foi convocado pela primeira vez na história moderna da Guatemala para uma cerimônia de posse. Um deles, Guacatel Itiu pronunciou um discurso no qual destacou a coincidência com o dia da sabedoria no calendário maia, o "nagual da inteligência".
"Aqui está presente o espírito de nossos antepassados, somos um povo de uma cultura milenar herdada por nossos avós. Ricos ou pobres, negros, brancos ou mestiços, todos temos o mesmo valor e merecemos respeito porque somos úteis para o desenvolvimento", disse Itui. Ele denunciou que "muitos acham que não existe racismo na Guatemala, mas há desprezo pelos integrantes dos povos indígenas". E pediu que o novo Governo trabalhe para eliminar a desigualdade social e a discriminação.
Após a sua mensagem, o dirigente espiritual entregou a Colom o bastão de autoridade do Conselho de Anciãos, que tem inscritos os nomes das 23 etnias indígenas. "Jure ser um presidente de todos os guatemaltecos e não só de um grupo privilegiado. Que não seja um comandado dos empresários", pediu o líder maia, sob aplausos dos convocados para a cerimônia na Praça da Constituição. Colom comentou que conhece o Conselho de Anciãos há 14 anos e sabe o que representa o bastão. Se não cumprir a sua promessa, explicou, ele será retirado das suas mãos.
"É uma grande responsabilidade receber este bastão", afirmou o presidente. Ele anunciou a criação de uma "embaixada de povos indígenas" para promover a comunicação com outras etnias da América. Frente a Colom, os representantes dos povos aborígines guatemaltecos celebraram um ritual com milho, acenderam velas e queimaram incenso "para que os espíritos dêem sabedoria ao novo presidente".
O "baile do veado", interpretado pelo Grupo Artístico Rab'in Ajaw ("A filha do rei", no idioma keqchi), começou em seguida. O grupo, integrado por 20 meninos e meninas indígenas, foi criado em 2000, segundo explicou à Efe seu coordenador, Guillermo Saquil, para promover os valores tradicionais e culturais originais do país.
A Guatemala é um dos países mais pobres da América Central, com renda per capita de US$ 2,4 mil ao ano, 51% dos 13 milhões de habitantes na pobreza e 15% na pobreza extrema, com menos de um dólar ao dia. A pobreza atinge especialmente a população indígena, que representa 52,8% do total. O social-democrata Álvaro Colom, investido como presidente de Guatemala para o período 2008-2012, tomou também o juramento a seu primeiro gabinete de ministros, no qual figuram um indígena e uma mulher. O indígena Jerónimo Lancerio será ministro de Cultura e Esportes, enquanto que Ana Ordóñez de Molina jurou como titular do Ministério da Educação.
O Bailado do "Rey Quiché"
Fontes: BBC Brasil, Una Fuente e Viaje a Guatemala.
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