12 de agosto de 2007

A Nova Terra

A Criação "Jeguerojera" (crença Mbyá-Guarani): Para todo homem religioso, o mundo é em si mesmo um organismo real, vivo e sagrado; uma criação dos Deuses. A rica e complexa cosmogonia guarani se desenvolve em quatro etapas criadoras...

Primeira etapa: Ñande Rú se cria a si mesmo em meio às trevas primevas. Desta primeira criação se desprende a concepção cíclica do tempo e do espaço, característica de toda cultura pré-histórica. Cada ano termina com o inverno e ressurge com a primavera, quando floresce o ipê.

Na Segunda etapa se cria o fundamento da linguagem humana, a palavra criadora na seguinte ordem: da comunidade e da comunicação com a divindade. A linguagem é em essência a alma dos homens.

Terceira etapa: como na anterior, Ñamandú cria quatro Deuses que ajudarão na criação do mundo em diferentes âmbitos:
- A Ñamandú coração grande correspondem as palavras.
- A Karai, o fogo.
- A Jakaira, a névoa ou neblina vivificante.
- A Tupá, a água, o mar, a chuva, o trovão, o raio , etc.
Cada um destes Deuses tem sua consorte.

Na Quarta etapa se cria a primeira Terra, o homem e a mulher, os animais e as plantas. No centro uma palmeira e outra em seus quatro cantos (pontos cardeais), sustentando o espaço e o tempo. Também se cria o firmamento que descansa sobre quatro colunas.

Estas primeiras Terras, perfeitas, sem males e sem tempos, são as que compartilharam homens e Deuses, uma vez que o Criador se retirou para as trevas. Mas então também acontece a queda destas primeiras Terras, pela ação imperfeita do homem: o dilúvio a faz desaparecer.

Mais adiante se cria a Nova Terra que é imperfeita, onde o homem perdeu sua condição divina e deve aceitar sua condição de simples mortal. Assim, a busca da "Terra sem Mal", é a procura da imortalidade perdida. Situação que se quer recuperar aqui na Terra, ou depois da Terra.
.
Glossário:
.
Ñande Ru: Pai Primeiro.
Ñamandú: Pai Verdadeiro, Criador.
Jakaira: Deus da neblina purificante.
Karai: O Deus do fogo
Tupá: Deus do trovão, do relâmpago, da água e da chuva.

Fonte: Historias de La Raíz

Caagüy Porá, de Gleyson Rocha

Nenhum comentário: