Os Velhos Deuses
Uma pesquisa desenvolvida pela Asociación Interétnica Para el Desarrollo de la Selva Peruana (Aidesep) recolhe os testemunhos de velhos apus e mestres bilingües que conservam em sua memória as explicações de suas próprias gêneses.
Na publicação denominada "Ojo verde", os pesquisadores Carlos Dávila Herrera e Pablo Macera Dall'Orso advertiram que expor desse modo ditas explicações da criação do mundo "talvez alterem o núcleo de seus conhecimentos", mas admitem que talvez essa foi a última oportunidade que tiveram estas nações amazônicas para aclarar suas formas de ver o mundo.
Entretanto, eles consideraram pertinente que se realize outro estudo que valorize os efeitos das missões porque é necessário conhecer o passivo cultural das agências religiosas.
OS VELHOS DEUSES
Entretanto, eles consideraram pertinente que se realize outro estudo que valorize os efeitos das missões porque é necessário conhecer o passivo cultural das agências religiosas.
OS VELHOS DEUSES
As revelações feitas pelos indígenas falam de deuses, diabos, anjos, concepções e até purgatórios para ascender a seus paraísos.
Entre os ashaninkas, o deus Sol existiu antes que a Terra, a qual se formou após desprender-se da coroa deste como uma partícula. Este mundo é sustentado por dois eixos; um sustentado por ele mesmo para manter a tranqüilidade e o outro por aonde se poe o Sol, entre os montes Omoro e Otsiriko.
Para os shipibos o mundo só estava formado pelo céu e a Terra e as relações entre o homem e a natureza eram muito fáceis. Um dia, os gêmeos Kesten e Kesin lancaram flechas ao céu e formaram uma escada, mas alguns desobedeceram as regras e Bari Papa (o pai Sol) os castigou afastando o céu e dividindo a Terra em quatro espaços. Um é o das águas (Jene Nete), dominado pelo poderoso Roni (a jibóia). Outro é no qual habitam os homens (Non Nete). No terceiro vivem os espíritos maus (Panshin Nete ou mundo amarelo) e no último estão o Sol e a Lua (Jakon Nete ou espaco maravilhoso), espaco ao qual só chegam as almas selecionadas com mediação do meraya, um xamã de grau superior.
Os witotos consideram que primeiramente existia apenas a água e Jusiñami, deus Sol, filho do nada, que se sustentava no ar. Cuspiu a água para formar a Terra de uma bolha. Para endurecê-la criou o fogo. Tem deuses e diabos que castigam a quem maltratam a floresta. As almas dos bruxos ficam entre as bestas porque seus poderes provêm dos animais.
O mundo bora é a representação do criador Niimúhe. A princípio só existia água habitada por maus espíritos. O criador, para mostrar seu poder, fez a Terra, as plantas e os animais. Com o talho, folhas de tabaco e com a massa de mandioca formou ao primeiro homem, Tííne Ánuméí Niinúhe. Quando este fez sua chácara pediu uma mulher e o criador lhe indicou como tê-la.
Os bora acreditam no mundo de Hacha, onde estão as ferramentas para o trabalho. Também no da Garca, Ihchúbá, espírito da beleza do criador onde nao chega ninguém, mas sua visita limpa de enfermidades aos bora. Por último, buscam uma Terra santa que nunca escurece, a qual chegam os espíritos bondosos.
Entre os awajun (aguarunas), Etsa (o Sol) criou o mundo. A início todos eram pessoas, mas o deus transformou aos guerreiros em huanganas e em aves como o tucano, paujil, trompetero e o gallito-de-las-rocas.
Os chayahuitas acreditavam que o mundo é ovalado como a casa das vespas e que está coberto por uma copa azulada, dentro da qual se movem a Lua, o Sol e as estrelas. A Terra está envolta em água sujeitada pelo céu. O Kunpananá, um dos dois seres poderosos que chegou do ar, formou a terra, os rios e criou os peixes com a serragem dos cedros.
Por sua vez, entre os candoshi, a princípio tudo era escuro e não havia água, até que Zari (o Sol) desceu por uma escada colocada por Supsi (a Lua) e mudou tudo no mundo.
Entre os cocama-cocamilla o mundo começa ao nascer Kémarin, o primeiro homem, filho de uma grande mulher jibóia e de Kémarin, o deus Kokama, uma pomba que se transformou em anjo.
Também há testemunhos sobre o universo a partir da cosmovisão dos wampis, nomatsiguenga, shiwilu, kichwa de Pastaza, tikunas e achuar.
Entre os ashaninkas, o deus Sol existiu antes que a Terra, a qual se formou após desprender-se da coroa deste como uma partícula. Este mundo é sustentado por dois eixos; um sustentado por ele mesmo para manter a tranqüilidade e o outro por aonde se poe o Sol, entre os montes Omoro e Otsiriko.
Para os shipibos o mundo só estava formado pelo céu e a Terra e as relações entre o homem e a natureza eram muito fáceis. Um dia, os gêmeos Kesten e Kesin lancaram flechas ao céu e formaram uma escada, mas alguns desobedeceram as regras e Bari Papa (o pai Sol) os castigou afastando o céu e dividindo a Terra em quatro espaços. Um é o das águas (Jene Nete), dominado pelo poderoso Roni (a jibóia). Outro é no qual habitam os homens (Non Nete). No terceiro vivem os espíritos maus (Panshin Nete ou mundo amarelo) e no último estão o Sol e a Lua (Jakon Nete ou espaco maravilhoso), espaco ao qual só chegam as almas selecionadas com mediação do meraya, um xamã de grau superior.
Os witotos consideram que primeiramente existia apenas a água e Jusiñami, deus Sol, filho do nada, que se sustentava no ar. Cuspiu a água para formar a Terra de uma bolha. Para endurecê-la criou o fogo. Tem deuses e diabos que castigam a quem maltratam a floresta. As almas dos bruxos ficam entre as bestas porque seus poderes provêm dos animais.
O mundo bora é a representação do criador Niimúhe. A princípio só existia água habitada por maus espíritos. O criador, para mostrar seu poder, fez a Terra, as plantas e os animais. Com o talho, folhas de tabaco e com a massa de mandioca formou ao primeiro homem, Tííne Ánuméí Niinúhe. Quando este fez sua chácara pediu uma mulher e o criador lhe indicou como tê-la.
Os bora acreditam no mundo de Hacha, onde estão as ferramentas para o trabalho. Também no da Garca, Ihchúbá, espírito da beleza do criador onde nao chega ninguém, mas sua visita limpa de enfermidades aos bora. Por último, buscam uma Terra santa que nunca escurece, a qual chegam os espíritos bondosos.
Entre os awajun (aguarunas), Etsa (o Sol) criou o mundo. A início todos eram pessoas, mas o deus transformou aos guerreiros em huanganas e em aves como o tucano, paujil, trompetero e o gallito-de-las-rocas.
Os chayahuitas acreditavam que o mundo é ovalado como a casa das vespas e que está coberto por uma copa azulada, dentro da qual se movem a Lua, o Sol e as estrelas. A Terra está envolta em água sujeitada pelo céu. O Kunpananá, um dos dois seres poderosos que chegou do ar, formou a terra, os rios e criou os peixes com a serragem dos cedros.
Por sua vez, entre os candoshi, a princípio tudo era escuro e não havia água, até que Zari (o Sol) desceu por uma escada colocada por Supsi (a Lua) e mudou tudo no mundo.
Entre os cocama-cocamilla o mundo começa ao nascer Kémarin, o primeiro homem, filho de uma grande mulher jibóia e de Kémarin, o deus Kokama, uma pomba que se transformou em anjo.
Também há testemunhos sobre o universo a partir da cosmovisão dos wampis, nomatsiguenga, shiwilu, kichwa de Pastaza, tikunas e achuar.
E como é que com toda essa variedade mítica-existencial da selva acabou calando a palavra de Jesus de Nazaré? Dávila y Macera se aventuram uma resposta: "O Peru é um país onde a grande maioria de sua população experimenta uma ansiedade de salvação que, por ser sobretudo economica e social, termina sendo como uma salvação religiosa".
Fonte: La Zorra y el Cuervo e Javier Medina Dávila
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