Liberdade para o Tibete
O Dalai Lama afirmou nesta terça-feira que a situação no Tibete escapa de seu controle e ameaçou renunciar à função de líder espiritual dos tibetanos se a situação no território piorar, em uma entrevista coletiva em Dharamshala (norte da Índia).
"Se as coisas escaparem do controle, a opção é renunciar", declarou à imprensa, lembrando que já havia feito a promessa de deixar o posto durante ondas de violência precedentes. "Este movimento escapa do nosso controle", acrescentou.
O Dalai Lama disse ainda não estar em condições de dizer aos tibetanos que vivem sob o regime chinês que "façam isto ou aquilo".
A China afirmou hoje ter provas de que as revoltas em Lhasa na semana passada foram "estimuladas e organizadas pelo grupo do Dalai Lama" e pediu mais uma vez que o líder espiritual renuncie à independência do Tibete.
"Temos as provas, e os fatos demonstraram que estes incidentes foram estimulados e organizados pelo grupo do Dalai Lama", afirmou o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao.
Em um sinal de aparente abertura, o líder tibetano convidou as autoridades chinesas para uma reunião com ele para investigar as acusações.
"Venham, por favor, investiguem os fatos. Os chineses podem vir e inspecionar tudo", disse.
Na mesma entrevista, o Dalai Lama, 72 anos, afirmou que chineses e tibetanos devem viver "lado a lado" e descartou nesta terça-feira incluir na agenda de eventuais discussões com a China a reivindicação de independência do Tibete.
"Temos que construir boas relações com os chineses", disse o líder espiritual do budismo tibetano à imprensa em Dharamsala.
"A respeito da violência, é algo ruim. Não devemos desenvolver sentimentos antichineses. Temos que viver juntos, lado a lado", acrescentou. "A independência é algo fora de discussão", completou.
O Dalai Lama adotou a visão, chamada de intermediária, que consiste em pedir uma simples autonomia cultural para o Tibete.
"Não cometam atos de violencia, é ruim. A violência é contrária à natureza humana. A violência é quase um suicídio. Mesmo que mil tibetanos sacrifiquem suas vida, não servirá para nada", declarou. "Se as paixões se acalmarem dos dois lados, poderemos trabalhar", concluiu.
A revolta em Lhasa contra a presença chinesa no Tibete deixou 13 mortos desde sexta-feira, segundo o balanço oficial de Pequim. Os tibetanos no exílio falam de 100 mortes.
Fontes: AFP, Friends of Tibet e AVAAZ
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