A coca na encruzilhada da história
O que a ONU está pedindo é que o Governo da Bolívia adote medidas para proibir a utilizaçao de coca como chá e o hábito conhecido como "pijchar" ou "acullicar". O Executivo boliviano criticou o pedido e disse que se reafirmará o significado cultural da coca. É incrível que tal aconteça quando há poucos meses comemoramos a vitória da Declaraçao dos Direitos dos Povos Indígenas pela mesma ONU, Declaraçao esta que o congresso boliviano foi o primeiro do mundo a ratificar. Tal situaçao non-sense se deve a Convençao de 30 de março de 1961, em Nova York, Estados Unidos, que contou com a participaçao de todos os Estados membros da ONU; nessa ocasiao se chegou a conclusao que se deveria ter sobre estupefacientes, entre eles nomeada a coca e nao a cocaína que é o verdadeiro produto industrial entorpecente. O JIFE assinala agora que a prática de mascar coca deveria ter sido abolida, nos países em que existisse, no decorrer dos 25 anos seguintes à entrada en vigor da Convençao de 1961: sendo assim, se deveria haver posto fim a essa prática cultural em 1989.
Sexta-feira dia 7, o Governo boliviano firmou dois convênios com a Comissao Européia com a finalidade de apoiar o Plan Nacional de Desarrollo Integral con coca e o Control Social de la producción de la coca. Tais projetos estao financiados por 36 milhoes de euros. Neste marco, o ministro de Governo, Alfredo Rada, criticou o pedido da JIFE-ONU e assegurou que, se entrasse em vigência, seria um atentado contra a cultura histórica da Bolívia. Segundo ele, na estratégia boliviana “se reitera a firme posiçao do Governo contra a fabricaçao e o tráfico ilícito de cocaína e contra as organizaçoes delinquentes envolvidas. Também se acolhe com beneplácito a decisao do Governo de fortalecer o mecanismo de vigilância e controle do cultivo de coca”.
“Eliminar o consumo de coca seria acabar com grande parte da cultura boliviana e nossa própria vida”, declarou o ministro Alfredo Rada. Neste momento crucial, em que um acordo de 1961, criado em consequência do pensamento conservador e etnocêntrico daquele tempo, parece poder ter influência nefasta contra um dos cernes da cultura andina como um todo, nos perguntamos até que ponto a populaçao mundial estará disposta a defender a liberdade de uma cultura ameríndia de milhares de anos. Se nada fizerem os ativistas e organizaçoes, estarao sendo cúmplices de um grande etnocídio. Espero sinceramente que abram os olhos a tempo, para depois nao serem culpáveis de tamanha omissao.
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Leiam sobre a Legislaçao Internacional da Coca em: Coca Soberania
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