Itacueretaba era Abaretama
A lendária Vila Velha está localizada a 30 km de Ponta Grossa, no Paraná e encanta pelas suas exuberantes e monumentais formações rochosas. Segundo a Ciência ela é produto de erosões e movimentações dos ventos, que durante muitos milhares de anos esculpiram a rocha formando as diversas figuras e a fantasmagórica aparência de uma cidade abandonada. A lenda tupi dá-lhe o nome de “itacueretaba” (a cidade extinta de pedra), mas seu nome mais antigo é “abaretama”, a terra dos homens, que havia sido escolhida pelos primitivos habitantes da região para preservar o “itainhareru”, o precioso tesouro, sob a proteção de Tupã.
Localizada à margem direita do Rio Tibagi (o rio do pouso), na vasta e ondulada Ibeteba (planície), Vila Velha, como já foi dito, conjunto de formações rochosas trabalhadas pela erosão ao longo de milênios, mexeu com a imaginação dos índios, que teceram muitas lendas transmitidas oralmente, geração após geração, pelos matuari (os velhos), aos jovens, a fim de explicar aqueles fenômenos. Uma delas é a de que o local teria sido escolhido pelos primitivos habitantes para sediar o Abaretama (terra dos homens), onde seria guardado o Itainhareru ( o precioso tesouro). Sob permanente proteção de Tupã, era o lugar cuidadosamente vigiado por uma legião de Aiabas (varões), escolhidos entre os mais valorosos homens de todas as tribos, treinados especialmente para desempenhar a honrosa missão; eles desfrutavam de todas as regalias, sendo-lhes, porém, vedado qualquer contato com mulheres, mesmo as de suas próprias tribos.
A tradição dizia que as mulheres, uma vez de posse do segredo do Abaretama, o divulgariam aos quatro ventos, e chegada a notícia aos ouvidos dos inimigos, estes arrebatariam o tesouro para si. E caso este fosse perdido, Tupã, o onipotente, deixaria de proteger seu povo e lançaria sobre ele as maiores desgraças. Os Apiabas eram fortes, ativos e bravos; seu único trabalho consistia em construir belos jardins nas terras daquelas planícies, e Tupã não permitia que, em recanto sagrado como era aquele, houvesse o pecado.
Numa certa época, Dhui, um índio de uma das tribos, fora escolhido chefe supremo dos Apiabas. Como todos os outros, tinha sido preparado, desde a mais tenra infância, para a sagrada missão. Entretanto, não era de seu desejo seguir aquele destino que lhe impunha o celibato. Seu sangue, de há muito, achava-se perturbado pelo fascínio das mulheres (era um cunhãrepixara mulherengo).
As tribos rivais, ao terem conhecimento da escolha, de pronto resolveram aproveitar-se da situação e elegeram entre as suas mais belas donzelas a que deveria ir tentar o jovem guerreiro, conquistar-lhe o coração e arrebatar-lhe o segredo.
A escolhida foi Aracê Poranga (Aurora Bonita). Não lhe foi difícil despertar a atenção do ardoroso Dhui e, pouco a pouco, enlaçou-o em sua habilidosa teia, e o fez de tal modo que não transcorreu muito tempo para que o tivesse completamente apaixonado e subjugado a seus pés. Pouco mais e Aracê penetrou no Abaretama, com o consentimento de Dhui, que não conseguiu resistir ao desejo que ela manifestara. Se, em nome do amor, Dhui faltou a seu dever, também por causa dele Aracê traiu seus irmãos: numa tarde primaveril, quando os ipês, depois da floração, deixavam cair pétalas douradas como se fora chuva de ouro, Aracê foi ao encontro de Dhui, levando uma taça de uirucuri (o licor do butiá), para embriagá-lo; porém o amor também já dominava sua razão, o que fez com que tomasse do licor. E à sombra de um ipê, languidamente, quedaram entrelaçados.
Tupã vingiu-se, desencadeando sua fúria na forma de um terremoto, que abalou toda a planície. A ira divina convulsionou o solo e a região toda a planície. A ira divina convulsionou o solo e a região foi totalmente destruída, trazendo morte e dor. E o Abaretama virou pedra, o tesouro aurífero fundiu-se, transformando-se em líquido, e os dois amantes, castigados, ficaram também, para todo o sempre, um ao lado do outro, petrificados.
A pouca distância, a causa de sua desgraça, a taça de pedra...
E quando ainda hoje alguém por ali passa, ouve o vento a repetir a última frase de Aracê: “Xê pocê ó quê” (Dormirei contigo).
Foi assim que o Abaretama tornou-se Itacueretaba... A terra fendeu: são as grutas próximas a Vila Velha, e o tesouro fundido é a lagoa, que é chamada de Dourada, a qual, quando o sol nela bate em cheio, ainda reflete o brilho do ouro.
Dhui e Aracê estão, ainda hoje, lado a lado, circundados de ipês descendentes dos que assistiram à morte de ambos. E os sobreviventes daquele povo partiram para outras terras, onde a maldição de Tupã não os alcançasse. Fundaram novo império, em uma das imersas paragens da América do Sul.
Fontes: J.A.Fonseca - Arqueologia & Simbologia, e Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.
Localizada à margem direita do Rio Tibagi (o rio do pouso), na vasta e ondulada Ibeteba (planície), Vila Velha, como já foi dito, conjunto de formações rochosas trabalhadas pela erosão ao longo de milênios, mexeu com a imaginação dos índios, que teceram muitas lendas transmitidas oralmente, geração após geração, pelos matuari (os velhos), aos jovens, a fim de explicar aqueles fenômenos. Uma delas é a de que o local teria sido escolhido pelos primitivos habitantes para sediar o Abaretama (terra dos homens), onde seria guardado o Itainhareru ( o precioso tesouro). Sob permanente proteção de Tupã, era o lugar cuidadosamente vigiado por uma legião de Aiabas (varões), escolhidos entre os mais valorosos homens de todas as tribos, treinados especialmente para desempenhar a honrosa missão; eles desfrutavam de todas as regalias, sendo-lhes, porém, vedado qualquer contato com mulheres, mesmo as de suas próprias tribos.
A tradição dizia que as mulheres, uma vez de posse do segredo do Abaretama, o divulgariam aos quatro ventos, e chegada a notícia aos ouvidos dos inimigos, estes arrebatariam o tesouro para si. E caso este fosse perdido, Tupã, o onipotente, deixaria de proteger seu povo e lançaria sobre ele as maiores desgraças. Os Apiabas eram fortes, ativos e bravos; seu único trabalho consistia em construir belos jardins nas terras daquelas planícies, e Tupã não permitia que, em recanto sagrado como era aquele, houvesse o pecado.
Numa certa época, Dhui, um índio de uma das tribos, fora escolhido chefe supremo dos Apiabas. Como todos os outros, tinha sido preparado, desde a mais tenra infância, para a sagrada missão. Entretanto, não era de seu desejo seguir aquele destino que lhe impunha o celibato. Seu sangue, de há muito, achava-se perturbado pelo fascínio das mulheres (era um cunhãrepixara mulherengo).
As tribos rivais, ao terem conhecimento da escolha, de pronto resolveram aproveitar-se da situação e elegeram entre as suas mais belas donzelas a que deveria ir tentar o jovem guerreiro, conquistar-lhe o coração e arrebatar-lhe o segredo.
A escolhida foi Aracê Poranga (Aurora Bonita). Não lhe foi difícil despertar a atenção do ardoroso Dhui e, pouco a pouco, enlaçou-o em sua habilidosa teia, e o fez de tal modo que não transcorreu muito tempo para que o tivesse completamente apaixonado e subjugado a seus pés. Pouco mais e Aracê penetrou no Abaretama, com o consentimento de Dhui, que não conseguiu resistir ao desejo que ela manifestara. Se, em nome do amor, Dhui faltou a seu dever, também por causa dele Aracê traiu seus irmãos: numa tarde primaveril, quando os ipês, depois da floração, deixavam cair pétalas douradas como se fora chuva de ouro, Aracê foi ao encontro de Dhui, levando uma taça de uirucuri (o licor do butiá), para embriagá-lo; porém o amor também já dominava sua razão, o que fez com que tomasse do licor. E à sombra de um ipê, languidamente, quedaram entrelaçados.
Tupã vingiu-se, desencadeando sua fúria na forma de um terremoto, que abalou toda a planície. A ira divina convulsionou o solo e a região toda a planície. A ira divina convulsionou o solo e a região foi totalmente destruída, trazendo morte e dor. E o Abaretama virou pedra, o tesouro aurífero fundiu-se, transformando-se em líquido, e os dois amantes, castigados, ficaram também, para todo o sempre, um ao lado do outro, petrificados.
A pouca distância, a causa de sua desgraça, a taça de pedra...
E quando ainda hoje alguém por ali passa, ouve o vento a repetir a última frase de Aracê: “Xê pocê ó quê” (Dormirei contigo).
Foi assim que o Abaretama tornou-se Itacueretaba... A terra fendeu: são as grutas próximas a Vila Velha, e o tesouro fundido é a lagoa, que é chamada de Dourada, a qual, quando o sol nela bate em cheio, ainda reflete o brilho do ouro.
Dhui e Aracê estão, ainda hoje, lado a lado, circundados de ipês descendentes dos que assistiram à morte de ambos. E os sobreviventes daquele povo partiram para outras terras, onde a maldição de Tupã não os alcançasse. Fundaram novo império, em uma das imersas paragens da América do Sul.
Fontes: J.A.Fonseca - Arqueologia & Simbologia, e Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.
Nenhum comentário:
Postar um comentário