A Cultura do Iagé ameaçada no território Cofán
A Guerra contra as Drogas na Colômbia, financiada pelos Estados Unidos da América, está atingindo o cerne da cultura da nação cofán, destruindo com suas fumigações também as plantas sagradas por eles utilizadas para a preparação do iagé ou ayahuasca. Partindo da história recente do povo cofán, o Transnational Institute de Amsterdam, Holanda, publicou este mês um documento onde busca mostrar como, sob o manto de uma guerra antiterrorista e antidroga, se estão assegurando grandes interesses econômicos no Baixo Rio Putumayo. O paramilitarismo tem sido o principal aliado dos grandes investidores, das empresas, e da força pública, e segue tão presente em 2007 como antes de sua desmobilização. No Informativo "Coca, petróleo y conflicto en territorio cofán", Moritz Tenthoff trata dos impactos que têm produzido sobre esta comunidade ancestral os cultivos de coca, a atividade petroleira, e os desenvolvimentos do conflito armado em território cofán:
"O povo cofán tem sido por mil anos um povo tomador de iagé e nas comunidades cofán não existe um consumo generalizado da hoja de coca. Os primeiros cultivos de coca começaram a ser vistos nos anos setenta do século passado, e apareceram junto com uma colonização de território ligada a interesses do petróleo. Muitos dos contratos no setor petroleiro eram temporários, de modo que os trabalhadores tinham que buscar fontes alternativas de ingressos, para o qual se recorria à semeadura de coca. (...)
De acordo com os próprios cofán a introdução da coca mudou grande parte da cultura e das formas de produção dentro das comunidades. A dependência do dinheiro repercutiu na diminuição da produção de cultivos de subsistência, e introduziu uma mentalidade ‘de homem branco’, onde vigoram mais o materialismo e o individualismo. A chegada dos cultivos ilícitos incrementou, além disso, a colonização dentro das reservas, e destruiu grande parte da reserva forestal. Os herbicidas usados na produção da coca e os produtos químicos usados na produção da pasta-base e o cloridrato que se derrama nos rios, tem ocasionado efeitos negativos sobre a saúde humana, a fauna e a qualidade da água. Com os cultivos de coca e o narcotráfico chegaram também a insurgência e os grupos paramilitares que financiam suas atividades em parte com o negócio da coca e da pasta-base, dando pé ao início de uma intensa guerra antinarcóticos na área. (...)
A cosmovisão e cultura dos cofán está estreitamente vinculada às cerimônias de toma do iagé. Como conseqüência das fumigações e da erradicação, as plantas sagradas e medicinais foram reduzidas nas reservas cofanes nos últimos anos. Os erradicadores cortaram o cipó do iagé e as fumigações secaram e destruíram também várias plantas complementares do iagé. Além disso as cerimônias já não podem ser feitas com tranquilidade devido a contaminação, o barulho, o meio ambiente violentado e a presença de grupos armados."
Diante desse cenário de etnocídio, assim vêm se pronunciando os anciãos da tribo:
"Para nós os Cofán nosso principal valor é a vida e a possibilidade de existir neste mundo como um povo, com uma cultura, uma língua, um pensamento, alguns costumes, algumas tradições diferentes e alguns bens espirituais próprios e vivos baseados em uma ciência milenar que nos orienta no viver diário e que nos permite dirigir o rumo de nossas vidas.
Nos apresentamos como um Povo de Sabedores: com nossos Taitas e sua sabedoria, oferecemos à humanidade o conhecimento sobre plantas medicinais, nossa capacidade de curar enfermidades corporais e espirituais, nossa generosidade sem fronteiras, nossa humildade, nossas esperanças e nossa experiência de desenvolvimento comunitário orientado pelo pensamento indígena.(...)
Agora já despertamos, abrimos os olhos para esta realidade e somos conscientes da situação que nos aflige, conhecemos a origem, as causas, as conseqüências de nossos problemas, e a necessidade de resolvê-los antes que eles acabem con nosso povo".
Fontes: SODEPAZ e Kesselberg Info . Leiam também, de Roberto Otero, o artigo "La Medicina Tradicional Kofán", na revista Visión Chamánica.
"O povo cofán tem sido por mil anos um povo tomador de iagé e nas comunidades cofán não existe um consumo generalizado da hoja de coca. Os primeiros cultivos de coca começaram a ser vistos nos anos setenta do século passado, e apareceram junto com uma colonização de território ligada a interesses do petróleo. Muitos dos contratos no setor petroleiro eram temporários, de modo que os trabalhadores tinham que buscar fontes alternativas de ingressos, para o qual se recorria à semeadura de coca. (...)
De acordo com os próprios cofán a introdução da coca mudou grande parte da cultura e das formas de produção dentro das comunidades. A dependência do dinheiro repercutiu na diminuição da produção de cultivos de subsistência, e introduziu uma mentalidade ‘de homem branco’, onde vigoram mais o materialismo e o individualismo. A chegada dos cultivos ilícitos incrementou, além disso, a colonização dentro das reservas, e destruiu grande parte da reserva forestal. Os herbicidas usados na produção da coca e os produtos químicos usados na produção da pasta-base e o cloridrato que se derrama nos rios, tem ocasionado efeitos negativos sobre a saúde humana, a fauna e a qualidade da água. Com os cultivos de coca e o narcotráfico chegaram também a insurgência e os grupos paramilitares que financiam suas atividades em parte com o negócio da coca e da pasta-base, dando pé ao início de uma intensa guerra antinarcóticos na área. (...)
A cosmovisão e cultura dos cofán está estreitamente vinculada às cerimônias de toma do iagé. Como conseqüência das fumigações e da erradicação, as plantas sagradas e medicinais foram reduzidas nas reservas cofanes nos últimos anos. Os erradicadores cortaram o cipó do iagé e as fumigações secaram e destruíram também várias plantas complementares do iagé. Além disso as cerimônias já não podem ser feitas com tranquilidade devido a contaminação, o barulho, o meio ambiente violentado e a presença de grupos armados."
Diante desse cenário de etnocídio, assim vêm se pronunciando os anciãos da tribo:
"Para nós os Cofán nosso principal valor é a vida e a possibilidade de existir neste mundo como um povo, com uma cultura, uma língua, um pensamento, alguns costumes, algumas tradições diferentes e alguns bens espirituais próprios e vivos baseados em uma ciência milenar que nos orienta no viver diário e que nos permite dirigir o rumo de nossas vidas.
Nos apresentamos como um Povo de Sabedores: com nossos Taitas e sua sabedoria, oferecemos à humanidade o conhecimento sobre plantas medicinais, nossa capacidade de curar enfermidades corporais e espirituais, nossa generosidade sem fronteiras, nossa humildade, nossas esperanças e nossa experiência de desenvolvimento comunitário orientado pelo pensamento indígena.(...)
Agora já despertamos, abrimos os olhos para esta realidade e somos conscientes da situação que nos aflige, conhecemos a origem, as causas, as conseqüências de nossos problemas, e a necessidade de resolvê-los antes que eles acabem con nosso povo".
Fontes: SODEPAZ e Kesselberg Info . Leiam também, de Roberto Otero, o artigo "La Medicina Tradicional Kofán", na revista Visión Chamánica.
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