Nota do autor
Em linhas gerais, acho que é o momento de eu fazer um contraponto e explicar o que eu considero que seja o fio da meada deste blog. Sou um sujeito cuja inspiração é muito intuitiva, e nessa navegação compartilhada que fazemos nos arquivos da web é que foi me surgindo o alento de expressar a mim mesmo por esse viés da minha origem mestiça, tão brasileira, e a necessidade que vejo da humanidade alcançar um outro patamar de compreensão e vivência das relações interculturais.
Eu posso tratar desse assunto de muitas maneiras, e encontrar uma figura e discorrer sobre ela é uma atividade que desde a escola primária eu exercitei como modo de trabalhar a criatividade, então um blog é um veículo de comunicação bem funcional e há vários que seguem nessa trilha. Percebo, entretanto, que é um mesmo tema que eu proponho trabalhar nesse blog, em suas muitas facetas, aprofundando reflexões a esse respeito: como podemos para os tempos futuros ter uma visão e uma prática cultural que se insira transformadoramente em um multiculturalismo planetário. Porque a aceitação da diversidade cultural é também a aceitação da biodiversidade e portanto uma alavanca vital para a construção desse "mundo novo" que devemos almejar.
O santo do dia é São Jorge, e falar sobre ele já permite refletirmos um pouco sobre a evolução do mito: do herói pagão ao santo cristão medieval, e do santo guerreiro mítico ao sincretismo com o orixá Ogum, que segundo os pesquisadores modernos, começou na África, antes ainda dos negros serem trazidos como escravos ao Brasil. A evolução do mito denota que uma divindade pagã eurasiática foi sincretizada pelos cristãos medievais e depois foi por sua vez sincretizado com um orixá africano, o que mostra um intenso fluxo intercultural subjacente no imaginário popular e que os intelectuais brasileiros do movimento modernista já caracterizavam como "antropofagia cultural". Um site catalão explica melhor sobre o santo guerreiro:
Eu posso tratar desse assunto de muitas maneiras, e encontrar uma figura e discorrer sobre ela é uma atividade que desde a escola primária eu exercitei como modo de trabalhar a criatividade, então um blog é um veículo de comunicação bem funcional e há vários que seguem nessa trilha. Percebo, entretanto, que é um mesmo tema que eu proponho trabalhar nesse blog, em suas muitas facetas, aprofundando reflexões a esse respeito: como podemos para os tempos futuros ter uma visão e uma prática cultural que se insira transformadoramente em um multiculturalismo planetário. Porque a aceitação da diversidade cultural é também a aceitação da biodiversidade e portanto uma alavanca vital para a construção desse "mundo novo" que devemos almejar.
O santo do dia é São Jorge, e falar sobre ele já permite refletirmos um pouco sobre a evolução do mito: do herói pagão ao santo cristão medieval, e do santo guerreiro mítico ao sincretismo com o orixá Ogum, que segundo os pesquisadores modernos, começou na África, antes ainda dos negros serem trazidos como escravos ao Brasil. A evolução do mito denota que uma divindade pagã eurasiática foi sincretizada pelos cristãos medievais e depois foi por sua vez sincretizado com um orixá africano, o que mostra um intenso fluxo intercultural subjacente no imaginário popular e que os intelectuais brasileiros do movimento modernista já caracterizavam como "antropofagia cultural". Um site catalão explica melhor sobre o santo guerreiro:
São Jorge: história e lenda
No dia de São Jorge, uma rosa e um livro. Esta tradição, que combina o fato religioso, a rosa como símbolo do amor e o livro como símbolo da cultura, transformou o dia 23 de Abril na data mais comemorada, por todos os catalães. Como todas as tradições bem enraizadas, muitas vezes é seguida e vivida pelo povo sem que se conheça a sua origem. Por isso, fazemos aqui uma aproximação às origens desta tradição que todos os catalães, dentro e fora da Catalunha, compartilhamos e comemoramos todos os anos.
Apesar da grande devoção que São Jorge despertou na Europa durante a Idade Média, como figura histórica sabe-se muito pouca coisa. Militar romano, cristão, que foi martirizado por volta do ano 303 por não abdicar das suas crenças. O nome Georgius quer dizer camponês, e talvez por isso a comemoração litúrgica foi fixada em 23 de Abril, em plena primavera no continente europeu. Isto também explicaria em parte que as tradições populares tenham feito dele o protetor das colheitas. Esta ligação com a primavera e o seu patrocínio dos namorados também o relaciona diretamente com a Feira das Rosas que desde o século XV se celebra na praça de Sant Jaume, onde está localizada a sede do Governo da Catalunha (Generalitat de Catalunya).
Em contraste com o pouco que se sabe sobre a história, a lenda de São Jorge está ampla e fortemente enraizada. Uma tradição muito estendida na Idade Média explicava que o martírio de São Jorge durou sete anos, diante de um tribunal formado por sete reis. Esta tradição, que lhe atribui uma grande tenacidade por não abdicar de sua fé durante sete anos de tortura, foi condenada até por Roma mas justifica que o jovem cavaleiro fosse invocado como patrono pelos cavaleiros e pelo Império Bizantino. Naquela época, a sua ajuda era invocada para combater os infiéis e foi escolhido como patrono pela Geórgia, pela Sérvia, pela Inglaterra, pela Grécia, por Aragão, pelos Países Catalães e também por Portugal. Surgiram também lendas e tradições sobre a sua ajuda aos exércitos cristãos.
A lenda mais popular, escrita por Jaume de Voràgine na Llegenda Àurea, é a que explica a vitória de São Jorge sobre o dragão. Num país não determinado, chamado Silene, um dragão aterrorizava os habitantes que, para acalma-lo, ofereciam-lhe periodicamente um cordeiro e uma donzela escolhida por sorteio. Mas um dia a sorteada foi à filha do rei; São Jorge venceu o dragão e libertou a donzela. Então o rei e todo o povo converteram-se à fé de Cristo. Desde o século XIII, a imagem de São Jorge sobre um cavalo branco, libertando a donzela e vencendo o dragão, é a mais difundida de todas as lendas populares.
Apesar da grande devoção que São Jorge despertou na Europa durante a Idade Média, como figura histórica sabe-se muito pouca coisa. Militar romano, cristão, que foi martirizado por volta do ano 303 por não abdicar das suas crenças. O nome Georgius quer dizer camponês, e talvez por isso a comemoração litúrgica foi fixada em 23 de Abril, em plena primavera no continente europeu. Isto também explicaria em parte que as tradições populares tenham feito dele o protetor das colheitas. Esta ligação com a primavera e o seu patrocínio dos namorados também o relaciona diretamente com a Feira das Rosas que desde o século XV se celebra na praça de Sant Jaume, onde está localizada a sede do Governo da Catalunha (Generalitat de Catalunya).
Em contraste com o pouco que se sabe sobre a história, a lenda de São Jorge está ampla e fortemente enraizada. Uma tradição muito estendida na Idade Média explicava que o martírio de São Jorge durou sete anos, diante de um tribunal formado por sete reis. Esta tradição, que lhe atribui uma grande tenacidade por não abdicar de sua fé durante sete anos de tortura, foi condenada até por Roma mas justifica que o jovem cavaleiro fosse invocado como patrono pelos cavaleiros e pelo Império Bizantino. Naquela época, a sua ajuda era invocada para combater os infiéis e foi escolhido como patrono pela Geórgia, pela Sérvia, pela Inglaterra, pela Grécia, por Aragão, pelos Países Catalães e também por Portugal. Surgiram também lendas e tradições sobre a sua ajuda aos exércitos cristãos.
A lenda mais popular, escrita por Jaume de Voràgine na Llegenda Àurea, é a que explica a vitória de São Jorge sobre o dragão. Num país não determinado, chamado Silene, um dragão aterrorizava os habitantes que, para acalma-lo, ofereciam-lhe periodicamente um cordeiro e uma donzela escolhida por sorteio. Mas um dia a sorteada foi à filha do rei; São Jorge venceu o dragão e libertou a donzela. Então o rei e todo o povo converteram-se à fé de Cristo. Desde o século XIII, a imagem de São Jorge sobre um cavalo branco, libertando a donzela e vencendo o dragão, é a mais difundida de todas as lendas populares.
Voltando a falar em antropofagia, esta é parte do substrato do mito ameríndio caapor da origem do cocar que postei há pouco. Tem a ver também com a arte plumária, e a "fagia" dos nossos irmãos animais, os hábitos carnívoros da humanidade e a prática dos sacrifícios rituais de humanos e animais, da pulsão da morte implícita na civilização humanídea como um todo, Eros (Amor) e Tânatos (Violência) como duas faces de uma mesma moeda. Aos poucos irei inserindo novos elementos para essa reflexão. Foi isso que motivou a escrever esse blog: a arte plumária e os anzóis. É por aí que eu poderei alcançar meus verdadeiros objetivos de expressão. Conto com as reflexões dos leitores! Obrigado pela atenção...
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