Arte Baniwa em ação

A tribo Baniwa faz parte de um complexo cultural de 22 povos indígenas, que vivem em aldeias localizadas na região dos afluentes do Rio Negro, na Amazônia. As cestas são produzidas a partir da fibra de Arumã, uma planta típica da região (família das marantáceas), que cresce em grandes moitas de terrenos úmidos ou semi-alagados e rebrota após o corte.

A cestaria Baniwa é feita com rigorosa simetria gráfica e é um trabalho tradicionalmente masculino, como a maior parte das tarefas artesanais dessa tribo. A produção desse artesanato utiliza conhecimento e prática milenares, em cuja confecção há etapas e materiais diversos. Cada modelo de cesta pode incluir produtos de até nove espécies botânicas, entre fixadores, corantes, fibras, aros de cipó, e embalagem.

Os pigmentos vermelhos são extraídos de folhas de plantas. Para o tingimento em preto, usa-se fuligem de querosene ou de óleo diesel acumulada. Pode-se usar também, a cinza dos fornos ou potes de cerâmica, outra opção é queimar pau de embaúba, tirar o carvão, socá-lo bem no pilão e coar em pano fino seco. Nas últimas décadas, com organização em cooperativas, os Baniwa conseguiram padronizar a qualidade do seu trabalho viabilizando a comercialização desses produtos.

Desde 1998, a FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) e associações filiadas em parceria com o ISA (Instituto Socioambiental) e a OIBI (Organização Indígena da Bacia do Içana), viabilizam iniciativas que compõem um Programa Regional de Desenvolvimento Sustentável, que inclui todo o processo para a comercialização dessa cestaria.

Os objetivos centrais desse projeto são: valorizar o patrimônio cultural; estimular a produção de objetos de arumã como uma forma de reciclagem e disseminação de uma tradição cultural milenar; identificar nichos duradouros de mercado compatíveis com a capacidade de produção das comunidades; gerar renda para os produtores indígenas e suas associações; contribuir para o uso sustentável dos recursos naturais; capacitar a FOIRN e associações filiadas no gerenciamento de projetos.

A Arte Baniwa transformou-se em um grande sucesso, tendo recebido diversos prêmios, com destaque nas premiações do Ciclo Gestão Pública e Cidadania 2001, do Prêmio Banco Mundial de Cidadania 2002 e do Prêmio Chico Mendes 2002, do Ministério do Meio Ambiente, um reconhecimento do trabalho de pessoas, comunidades, instituições não-governamentais, empresas privadas e pesquisadores, em favor do desenvolvimento sustentável na Amazônia.