6 de agosto de 2009

Whipalas

Whipalas erguidas no Chamado do Beija-Flor, em 2005 em Alto Paraíso - Goiás - Brasil

A Whipala, Introdução a seu simbolismo (por Bruno Serrano Navarro)

"A Whipala é muito mais que a bandeira e o emblema da nação Andina e dos Aymará Quishwa, é a representação de sua filosofia andina e, atualmente, o símbolo da resurreição da cultura que fluiu dos primordiaies Quatro Estados do Tawantinsuyo.
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Durante muitos anos a colônia espanhola proibiu a sagrada Whipala que hoje volta a ser reconhecida e compreendida apesar das eras de perseguição e o intento de apagar seu significado. A continuação uma brevíssima introdução a seu simbolismo:
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A Whipala está composta de 49 espaços com as sete cores do arco-íris. No centro está atravessada por uma franja de sete quadrados brancos que simbolizam as Markas e Suyus, ou seja a coletividade e a unidade na diversidade geográfica e étnica dos Andes. Esta franja representa também ao princípio da dualidade, assim como a complementariedade dos opostos, portanto união dos espaços; e assim a oposição complementar ou força da dualidade, quer dizer: fertilidade, união dos seres e, por conseguinte, a transformação da natureza e dos humanos que implica no caminho vital, e a busca à qual este nos impulsa.
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Seus Quatro Lados comemoram tanto aos Quatro Irmãos Míticos: Ayar-kachi, Ayar-uchu, Ayar-laq'a e Ayar-k'allku, os quais foram os precursores dos Quatro Estados originais do Tawantinsuyu; bem como simbolizam ao calendário Cósmico dos Aymará Quishwa; as quatro épocas do ano divididas nas quatro festividades que as comemoran: Juyphi-Pacha ou estação fria; Lapaka-Pacha, estação do calor; Jallu-Pacha, estação da chuva; e finalmente, Awti-Pacha ou estação seca.
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As Sete Cores do Arco-Íris: Vermelho, representa ao planeta Terra (aka-pacha) bem como ao conhecimento dos Amawtas; Laranja, representa a sociedade, expressa a preservação e procriação da espécie assim como saúde e os conhecimentos da medicina, também à educação e juventude; Amarelo, Energia e força (ch'ama-pacha), doutrina do Pacha-kama e Pacha-mama, dualidade, leis e normas da prática coletiva; Branco, representa ao tempo e a sua dialética (jaya-pacha), transformação, a arte e o trabalho, reciprocidade; Verde, para alguns representa à economia e a produção andina, riquezas naturais, Terra e territorialidade, assim como a flora e fauna que também se consideram dons; Azul, Espaço cósmico, o infinito (araxa- pacha), é a expressão dos sistemas estelares e dos fenômenos naturais; Violeta, Expressão do povo e do poder comunitário, estado, organizações sociais, intercâmbio.
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A Whipala e a Simbologia Matemática: para interpretar a simbologia matemática da Whipala, devemos remontar à ideia do calendário, o qual podemos ler de três maneiras complementares - verticalmente, horizontalmente e diagonalmente, o qual conforma o Awaku andino.
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A parte superior da Whipala se identifica com o Sol, o dia, e a parte inferior com a Lua, ou seja, a noite. A Whipala permite que através do cálculo matemático sejam previstas as datas dos equinócios, solstícios e eclipses. No calendário andino a “Lua anual” tem treze meses divididos em 28 dias, entretanto o “Sol anual” tem 12 meses constituídos por 8 meses de 30 días mais quatro de 31 jornadas, o qual ao somar-se nos dá um total de 364 dias, mais um dia, o chamado Jach'a-Uru ou Dia Grande.

Fontes: http://www.katari.org/ e Revista Ser Indigena

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