Caboclos e caboclinhos
"São algumas características essenciais do Caboclinho: a dança guerreira, o cunho religioso propiciatório de boa colheita ou caçada, a recitação de versos heróico-nativistas etc. Tradicionalmente os Caboclinhos têm feito suas apresentações no Recife, em Olinda, Nazaré da Mata, Carpina, Tracunhaém, Camaragibe, São Lourenço, Paudalho e nos estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. As tribos de Caboclinho se apresentam com rei (cacique), rainha (cacica), capitão, tenente, guia, contra-guia, perós ou indiozinhos, porta-estandartes, caboclinhos, caboclinhas, pajé, caboclinhos caçadores, princesas e curandeiro. A orquestra é formada pelos seguintes instrumentos: gaita ou flautim (de taquara, também chamado inúbia), caracaxás ou mineiros, tarol e surdo. (...) Sempre vestidos de tangas e cocar de penas de aves (ema, avestruz e pavão), os caboclinhos usam ainda uma variedade de adereços, tais como: pulseiras, braçadeiras em pena (caboclos), colares de contas e sementes (no pescoço), pequenas cabaças (na cintura), flechas grandes (para moças) preacas, que consistem em arcos com flechas retesadas, presas, que puxadas, produzem um estalido seco, marcando o ritmo. "
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"(...) O dicionário Aurélio, nos diz que Caboclo é o 1. Mestiço de branco com índio; cariboca, curiboca. 2. Antiga designação do indígena. 3. Caboclo de cor acobreada e cabelos lisos; caburé. 4. Sertanejo.
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Um dos maiores pesquisadores, se não o maior, de nossa cultura, folclore e suas influências, Luiz da Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, onde aparece o verbete Caboco (assim mesmo sem o l de caboclo), descreve:
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O indígena, o nativo, o natural; mestiço de branco com Índia; mulato acobreado, com cabelo corrido. Morais fazia provir de cobre, cor de cobre, avermelhado. Diz-se comumente do habitante dos sertões, caboclo do interior, terra de caboclos, desconfiado com caboclos. Foi vocábulo injurioso e El-Rei Dom José de Portugal, pelo alvará de 4 de abril de 1755, mandava expulsar das vilas os que chamassem os filhos das indígenas de caboclos: “Proíbo que os ditos meus vassalos casados com as índias ou seus descendentes sejam tratados com o nome de cabouçolos, ou outro semelhante que possa ser injurioso.” Macedo Soares registra a sinomínia tradicional do caboclo: caburé, cabo-verde, cabra, cafuz, curiboca, cariboca, mameluco, tapuia, matuto, restingueiro, caipira. Da antiga denominação de caboclo aos mestiços avermelhados ainda há a imagem da cor maribondo caboclo, boi caboclo, formiga cabocla, pomba cabocla, todas com tonalidades vermelhas ou tijolo. Era até fins do séc. XVIII, o sinônimo oficial de indígena. Hoje indica o mestiço e mesmo o popular, um caboclo da terra. Discute-se ainda a origem do vocábulo, indígena ou africano. Folclore: Gustavo Barroso (Ao som da Viola, Rio de Janeiro, 1921) fixou o “Ciclo dos Caboclos” (403-419) com documentário poético e anedotal. O caboclo no folclore brasileiro é o tipo imbecil, crédulo, perdendo todas as apostas e sendo imcapaz de uma resposta feliz ou de um ato louvável. Gustavo Barroso lembra que essa literatura humilhante é toda de origem branca, destinada a justificar a subalternidade do caboclo e o tratamento humilhante que lhe davam. Os episódios vem, em boa percentagem de fontes clássicas, com a mera substituição da vitima escolhida. O caboclo é o Manuel tolo, o Juan tonto europeu, aclimatado no continente americano com o nome de João bobo, uma espécie de sábio de Gothan. Há muitas histórias em louvor do caboclo, sua inteligência, registradas no citado livro, assim como no de José Carvalho (um matuto cearense e o caboclo do Pará, 9-15, Belém, 1930). Namoro de caboclo é aquele em que a namorada ignora quem é seu apaixonado. Num outro epsódio entre o caboclo, o padre e o estudante, repete-se o motivo do melhor sonho (Mt-1626, de Aarne-Thompson). Quem tiver o mais bonito sonho comerá o queijo. Pela manhã o padre descreveu a ascensão para o Céu; o estudante sonhara com o próprio paraíso. O caboclo informou que, vendo um dentro do Céu e outro já perto, comera o queijo, porque ambos não mais precisariam. E tinha comido mesmo (Gustavo Barroso, 413-414). É a fábula XVII do Displina Cléricalis, de Padre Afonso (1062-1110), entre dois burqueses e um camponês, a caminho de Meca. Um dos divulgadores da novelística italiana foi Geraldo Sintio (um romano, numero 3 do Ecatommt), que a diz sucedida em Roma, no ano de 1527, com um filósofo, um astrólogo e um soldado. O tema está em quase todos os idiomas, formas e literaturas, dispensando bibliografia ilustradora. O caboclo aceitou, com a sujeição física, essa popularidade pejorativa para oficializar a inferioridade de seu estado (Luiz da Câmara Cascudo, 30 Estória Brasileiras, “O Preço do Sonho”), 30-32, Porto, 1955. Deviámos escrever Caboco, como todos pronunciam no Brasil, e não Caboclo, convencional e meramente letrado. Caboco vem de Caá, Mato, Monte, Selva; e Boc, Retirado, Saído, Provindo, Oriundo do Mato, exata e fiel imagem da impressão popular, valendo o nativo, o indígena, caboco bravo, o roceiro, o matuto bruto, chaboqueiro, bronco, creduo, mas, vez por outra, astuto, finório, disfarçado, zombeteiro. Cabôco, é a pronuncia nacional, mesmo para os letrados que escrevem “caboclo”, Caá-Boc, tirado ou procedente do mato, registra Mestre Thedóro Sampaio.
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Depois de toda esta explicação de Câmara Cascudo, fica claro o que quer dizer a figura do caboclo em nossa cultura. Com a dizimação do índio em nosso convívio, o tempo vai dissociando sua imagem da palavra, e cada vez mais o vocábulo caboclo vai se tornando na figura de linguagem um homem simples.
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Um dos maiores pesquisadores, se não o maior, de nossa cultura, folclore e suas influências, Luiz da Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, onde aparece o verbete Caboco (assim mesmo sem o l de caboclo), descreve:
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O indígena, o nativo, o natural; mestiço de branco com Índia; mulato acobreado, com cabelo corrido. Morais fazia provir de cobre, cor de cobre, avermelhado. Diz-se comumente do habitante dos sertões, caboclo do interior, terra de caboclos, desconfiado com caboclos. Foi vocábulo injurioso e El-Rei Dom José de Portugal, pelo alvará de 4 de abril de 1755, mandava expulsar das vilas os que chamassem os filhos das indígenas de caboclos: “Proíbo que os ditos meus vassalos casados com as índias ou seus descendentes sejam tratados com o nome de cabouçolos, ou outro semelhante que possa ser injurioso.” Macedo Soares registra a sinomínia tradicional do caboclo: caburé, cabo-verde, cabra, cafuz, curiboca, cariboca, mameluco, tapuia, matuto, restingueiro, caipira. Da antiga denominação de caboclo aos mestiços avermelhados ainda há a imagem da cor maribondo caboclo, boi caboclo, formiga cabocla, pomba cabocla, todas com tonalidades vermelhas ou tijolo. Era até fins do séc. XVIII, o sinônimo oficial de indígena. Hoje indica o mestiço e mesmo o popular, um caboclo da terra. Discute-se ainda a origem do vocábulo, indígena ou africano. Folclore: Gustavo Barroso (Ao som da Viola, Rio de Janeiro, 1921) fixou o “Ciclo dos Caboclos” (403-419) com documentário poético e anedotal. O caboclo no folclore brasileiro é o tipo imbecil, crédulo, perdendo todas as apostas e sendo imcapaz de uma resposta feliz ou de um ato louvável. Gustavo Barroso lembra que essa literatura humilhante é toda de origem branca, destinada a justificar a subalternidade do caboclo e o tratamento humilhante que lhe davam. Os episódios vem, em boa percentagem de fontes clássicas, com a mera substituição da vitima escolhida. O caboclo é o Manuel tolo, o Juan tonto europeu, aclimatado no continente americano com o nome de João bobo, uma espécie de sábio de Gothan. Há muitas histórias em louvor do caboclo, sua inteligência, registradas no citado livro, assim como no de José Carvalho (um matuto cearense e o caboclo do Pará, 9-15, Belém, 1930). Namoro de caboclo é aquele em que a namorada ignora quem é seu apaixonado. Num outro epsódio entre o caboclo, o padre e o estudante, repete-se o motivo do melhor sonho (Mt-1626, de Aarne-Thompson). Quem tiver o mais bonito sonho comerá o queijo. Pela manhã o padre descreveu a ascensão para o Céu; o estudante sonhara com o próprio paraíso. O caboclo informou que, vendo um dentro do Céu e outro já perto, comera o queijo, porque ambos não mais precisariam. E tinha comido mesmo (Gustavo Barroso, 413-414). É a fábula XVII do Displina Cléricalis, de Padre Afonso (1062-1110), entre dois burqueses e um camponês, a caminho de Meca. Um dos divulgadores da novelística italiana foi Geraldo Sintio (um romano, numero 3 do Ecatommt), que a diz sucedida em Roma, no ano de 1527, com um filósofo, um astrólogo e um soldado. O tema está em quase todos os idiomas, formas e literaturas, dispensando bibliografia ilustradora. O caboclo aceitou, com a sujeição física, essa popularidade pejorativa para oficializar a inferioridade de seu estado (Luiz da Câmara Cascudo, 30 Estória Brasileiras, “O Preço do Sonho”), 30-32, Porto, 1955. Deviámos escrever Caboco, como todos pronunciam no Brasil, e não Caboclo, convencional e meramente letrado. Caboco vem de Caá, Mato, Monte, Selva; e Boc, Retirado, Saído, Provindo, Oriundo do Mato, exata e fiel imagem da impressão popular, valendo o nativo, o indígena, caboco bravo, o roceiro, o matuto bruto, chaboqueiro, bronco, creduo, mas, vez por outra, astuto, finório, disfarçado, zombeteiro. Cabôco, é a pronuncia nacional, mesmo para os letrados que escrevem “caboclo”, Caá-Boc, tirado ou procedente do mato, registra Mestre Thedóro Sampaio.
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Depois de toda esta explicação de Câmara Cascudo, fica claro o que quer dizer a figura do caboclo em nossa cultura. Com a dizimação do índio em nosso convívio, o tempo vai dissociando sua imagem da palavra, e cada vez mais o vocábulo caboclo vai se tornando na figura de linguagem um homem simples.
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Os espíritos que militam na Umbanda, se dividem em falanges ou povos, sejam de caboclos ou de pretos-velhos, baianos, boiadeiros, marinheiros, crianças, ciganos, exu e pomba-gira. Vemos uma identificação despersonalizada de ego que caracteriza aqueles que estão acima da identidade individual, ou seja, as entidades na maioria das vezes não usam seus nomes de batismo, estando aquém de qualquer identificação, transcenderam a individualidade. São muitos espíritos que usam o mesmo nome como: Pena Branca, Pena Verde, Pena Roxa, Pena Vermelha, Pena Dourada, Flexa Branca, Folha Branca, Sete Flexas, Sete Penas, Sete Folhas, Sete Montanhas, Ventania, Rompe Mato, Urubatão, Ubirajara, Aimoré, Tupinambá, e outros.
Os espíritos que militam na Umbanda, se dividem em falanges ou povos, sejam de caboclos ou de pretos-velhos, baianos, boiadeiros, marinheiros, crianças, ciganos, exu e pomba-gira. Vemos uma identificação despersonalizada de ego que caracteriza aqueles que estão acima da identidade individual, ou seja, as entidades na maioria das vezes não usam seus nomes de batismo, estando aquém de qualquer identificação, transcenderam a individualidade. São muitos espíritos que usam o mesmo nome como: Pena Branca, Pena Verde, Pena Roxa, Pena Vermelha, Pena Dourada, Flexa Branca, Folha Branca, Sete Flexas, Sete Penas, Sete Folhas, Sete Montanhas, Ventania, Rompe Mato, Urubatão, Ubirajara, Aimoré, Tupinambá, e outros.
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Chegamos até a encontrar num mesmo terreiros dois ou mais caboclos que usam o mesmo nome, pois não é seu nome como indivíduo, e sim, um nome que identifica seu trabalho e a força que o rege. Por exemplo, Pena Branca é de Oxossi e Oxalá; Pena Dourada é de Oxossi e Oxum; Sete Montanhas de Xangô; Ubirajara de Oxossi e Ogum, etc.
Chegamos até a encontrar num mesmo terreiros dois ou mais caboclos que usam o mesmo nome, pois não é seu nome como indivíduo, e sim, um nome que identifica seu trabalho e a força que o rege. Por exemplo, Pena Branca é de Oxossi e Oxalá; Pena Dourada é de Oxossi e Oxum; Sete Montanhas de Xangô; Ubirajara de Oxossi e Ogum, etc.
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Caboclo é um Mistério na Umbanda, uma linha de trabalho, uma falange, um grau, o identificador de entidades que trabalham nesta vibração que está ligada ao Orixá Oxossi, o Orixá das Matas. (...)".
Caboclo é um Mistério na Umbanda, uma linha de trabalho, uma falange, um grau, o identificador de entidades que trabalham nesta vibração que está ligada ao Orixá Oxossi, o Orixá das Matas. (...)".
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Fonte: Guia do Recife e Artigo de Alexandre Cumino, em Jornal de Umbanda Sagrada. Fonte da imagem dos "Caboclinhos" de Pernambuco: Mangueboy.
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