Água suja
A paciência das comunidades indígenas peruanas que habitam na bacía do rio Corrientes, que atravessa o departamento de Loreto, no norte do país, se esgotou. Não é para pouco.
Pesquisas feitas pelo Ministério de Saúde peruano revelaram que 98,6 porcento da população da zona têm no sangue mais cádmio do que o aceitável, e que 66,2 porcento das crianças de 2 a 17 anos apresenta níveis de chumbo excessivos. O mesmo ocorre com 24 porcento da população adulta.
As causas são bastante claras. As empresas petroleiras que agem na zona há 35 anos contaminam a água do rio Corrientes, que as comunidades usam para beber e em diversas tarefas diárias. A presença de metais pesados no sangue dos moradores representa graves riscos para sua saúde.
Conforme Cecilia Remón numa notícia publicada pela agência boliviana Bolpress, na bacía do rio Corrientes vivem 32 comunidades indígenas achuar, quichua e urarina, que reunem 7.800 habitantes. Essas comunidades estão representadas pela Federação de Comunidades Nativas do Rio Corrientes.
Na década de 1960 as terras dessas comunidades ficaram dentro de dois campos de exploração petroleira, chamados 1AB e 8, que o governo entregou mediante concessão. Desde essa época agiram na zona a empresa estadunidense Occidental Petroleum, a argentina Pluspetrol e a estatal peruana Petroperú. Os dois lotes são controlados atualmente pela Pluspetrol.
“Desde que se iniciou a exploração petroleira na zona foram lançadas no rio Corrientes as águas de produção, que saem junto com o petróleo, ao invés de reintroduzi-las no poço como o estipulam os padrões internacionais”, explica Remón.
“Atualmente Pluspetrol lança diariamente ao rio cerca de 1,3 milhões de barris de águas de produção (de 159 litros cada um)”, acrescenta. Estas águas contém hidrocarbonetos, cloretos e metais pesados, como chumbo, cádmio, bário, mercúrio e arsênico, entre outros.
A meados de outubro cerca de 700 indígenas achuar ocuparam durante duas semanas dois campos petrolíferos da Pluspetrol. Exigiram ao governo que impulsione trabalhos de recuperação ambiental e melhore a atenção médica.
Os indígenas exigiram a reintrodução de 100 porcento das águas da produção, a participação e fiscalização de suas comunidades nas atividades de reintrodução e de monitoração ambiental, entre outras, e que se os consulte antes de aprovar novos campos petroleiros.
No dia 15 de outubro de 2007 indígenas, governo peruano e Pluspetrol chegaram a um acordo. Estipularam que o fim de 2008 seria o prazo máximo para a reintrodução total das águas de produção nos poços e Pluspetrol aceitou financiar um plano integral de saúde durante dez anos para os moradores afetados na bacía do rio Corrientes.
Agora a notícia que chega a público é de um novo derrame de petróleo ocorrido em março de 2008 no Distrito de Manseriche, derrame este que como muitos outros acontecem longe dos olhos da grande imprensa internacional. Leiam o manifesto de sete povos indígenas peruanos a respeito e divulguem para que seus direitos sejam respeitados!
FRENTE DE DEFENSA Y DESARROLLO DE LA PROVINCIA DATEM DEL MARAÑÓN
FEDERACIÓN DE LA NACIONALIDAD ACHUAR DEL PERU
COORDINADORA REGIONAL DE LOS PUBLOS INDÍGENAS SAN LORENZO
PRONUNCIAMIENTO
LOS SIETE PUEBLOS INDÍGENAS Y COMUNIDADES CAMPESINAS DE LA PROVINCIA DATEM MARAÑÓN, REGIÓN LORETO, PERÚ, PONE EN CONOCIMIIENTO DE LA OPINIÓN PUBLICA LO SIGUIENTE:
QUE DESDE EL DÍA JUEVES 20 DE MARZO DEL 2008 LOS PUEBLOS KICWA Y ACHUAR DEL DISTRITO DE ANDOAS, RÍO PASTAZA, DIERON A CONOCER SUS JUSTOS RECLAMOS HACIA LA EMPRESA ARGENTINA PLUSPETROL, EXIGIENDO SUS DERECHOS COMO PUEBLOS PARA QUE LAS ACTIVIDADES DE HIDROCARBUROS SEAN BAJO UNA ACEPTACIÓN DE LOS PUEBLOS Y QUE LOS SALARIOS SEAN JUSTOS PARA LOS TRABAJADORES.
DENUNCIAMOS EL ACCIONAR DE LA POLICÍA NACIONAL DEL PERÚ, QUIENES REPRIMIERON A NUESTROS HERMANOS EN ANDOAS CON EXCESIVA VIOLENCIA, ATACANDO INCLUSIVE A CIUDADANOS EN LA MISMA COMUNIDAD.
ASIMISMO, DENUNCIAMOS QUE EL PASADO 11 DE MARZO SE PRODUJO UN NUEVO DERRAME DE CRUDO EN EL KM 223 DEL OLEODUCTO NORPERUANO, CONTAMINANDO LA QUEBRADA NUMPATKAIM Y EL RIO ROJO, EN EL DISTRITO DE MANSERICHE, AFECTANDO AL PUEBLON INDÍGENA AWAJÚN.
EL PUEBLO INDÍGENA NO ATACA, PERO SI SE DEFIENDE.
LOS PUEBLOS INDÍGENAS HAN RECLAMADO POR MUCHOS AÑOS LA CONTAMINACIÓN DE SUS RÍOS PRODUCTO DE LA ACTIVIDAD PETROLERA, SIN QUE LAS AUTORIDADES REGIONALES Y NACIONALES HAGAN ALGO PARA REMEDIAR ESTE PROBLEMA, POR EL CONTRARIO, HOY EN DÍA VUELVEN A AMENAZARLOS CON LOS PROYECTOS DE LEY QUE PRETENDEN EXPROPIAR NUESTROS RECURSOS NATURALES Y NUESTRA TIERRA.
NOS PREGUNTAMOS:
¿SERÁ ESTE EL FAMOSO CAMBIO Y LOS BENEFICIOS DEL TAN PUBLICITADO TLC?
¿ESTAREMOS VIVIENDO UNA NUEVA COLONIZACIÓN EN PLENO SIGLO XXI ATENTATORIA CONTRA LOS DERECHOS DE LOS PUEBLOS ORIGINARIOS?
¿SERÁ ALAN GARCIA EL ARANA DE ESTE SIGLO?
EXIGIMOS EL RESPETO DE NUESTROS DERECHOS Y A CAMBIO EL GOBIERNO DE ALAN GARCÍA RESPONDE CON BALAS.
¿DONDE ESTÁ LA JUSTICIA SOCIAL?
FINALMENTE, SR. GARCÍA, LE RECORDAMOS QUE EL PERÚ NO ES EL FRONTÓN, Y EXIGIMOS LIBERTAD PARA LOS 52 HERMANOS DETENIDOS INJUSTAMENTE.
"CON DIGNIDAD Y JUSTICIA"
PATRIÓTICAMENTE
FREDEDAM-CORPI-FENAP
SAN LORENZO, 29 DE MARZO DEL 2008
Fontes: Hunikuin e Radio Mundo Real.
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