21 de abril de 2008

A Bela ManYoca


A lenda da Primeira Água, da mitologia da tribo Maué, nos diz que, a planta da mandioca teria sido formada pelo corpo de Iveroi, mulher do sapo Ó-Óc. Ao vê-la morta pelas artes mágicas dos feiticeiros Muricariua, seus tios a transformaram em mandioca doce.

A tapioca, segundo a lenda Maué, teria sido feita, ainda pelos tios de Iveroi, do feto que ela guardava nas entranhas.

Nas histórias contadas pelos mais velhos da tribo Pariqui, encontramos a lenda intitulada Moytima Uipurangaua (Origem da Plantação), que fala do nascimento de todas as plantas, principalmente da mandioca.

Elas teriam se originado dos ossos do mais belo espécime humano daquela tribo chamado Yacurutu.

Já entre os Mura, a mandioca proviria do corpo da irmã de Yacurutu, chamada Jati, que morrera revoltada contra a Tartaruga, a serviço de uma terrível Piaga, que a afogou.

Entre os Kêterêkô, povo Pareci, a mandioca surgiu do corpo da formosíssima jovem Atiôlo, em cujos longos cabelos o Uiarapuru vinha aninhar-se para passar a noite e, antes do primeiro albor da alva, acordar a natureza com a sinfonia de seu canto.

Como tudo passa sobre a terra, Atiôlo ou Mani um dia morreu e de seus restos mortais surgiu a mandioca. Já o povo Ipurinã atribuiu a uma criança o nascimento da planta.

O povo Ipurinã atribuiu a uma criança o nascimento da planta. Aliás, é a mais bonita delas todas. A filha do cacique Cauré, de nome Saíra, era a mais bela das Ipurinãtiba. Os pássaros vinham acordá-la ao amanhecer e as flores curvavam-se à sua passagem; os espinhos evitavam-na.

Um dia, porém, ela engravidou sem ter sido dada em casamento a nenhum guerreiro.

O desgosto de Cauré foi imenso! Chamou a filha Saíra e questionou-a sobre o pai da criança. Saíra emudeceu. A decisão de Cauré foi inexorável. Ela seria banida da tribo e viveria confinada em uma oca no centro da mata, de onde só sairia após a delivrance e da morte do fruto proibido.

Quando a lei imutável da natureza completou o seu ciclo, nasceu uma menina. Pele alva, olhos azuis como o mais profundo céu, cabelos louros como espigas de trigo sazonadas, causaram deslumbramento em Saíra e Cauré. Este último, ao ver a beleza da neta, esqueceu a vontade de matá-la e caiu de amores pela menina.

Cauré, Saíra e Mani (este foi o nome dado a menina) regressaram para a tribo e daí por diante o velho cacique ficava horas esquecidas em êxtase, contemplando a radiosa beleza de Mani.

Passaram-se quatro épocas das chuvas e Mani ficava cada vez mais esplendorosa.em sua formosura.

U’a manhã de sol radioso, mas silenciosa, Mani expirou, ante o desespero impotente de Cauré.Era costume da tribo Ipurinã cremar seus mortos. Cauré quebrou a tradição e enterrou Mani na entrada de sua oca.

Passaram-se quatro luas e da terra em que Mani foi enterrada nasceu uma planta que, depois de um certo tempo, desnudou-se das folhas. Cauré julgava que as folhas fossem eternas e ficou triste pois a planta havia morrido. Resolvendo arrancá-la, ao fazê-lo, viu surgir, à guisa de raízes, grandes tubérculos radiculares. Curioso, resolveu morde-la e, ao mastigá-la, achou-a deliciosa.


Conheça o artigo completo na revista Nosso Pará. Pintura da Série "Lendas Amazônicas" do artista acreano Marco Lenísio.

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