27 de outubro de 2007

No Brasil, o monitoramento sobre as aldeias

Aldeia Hunikuin no Acre

O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) anunciou no último dia 18 o lançamento de um novo sistema de dados sobre terras indígenas e áreas de conservação da Amazônia. Batizado de Programa de Monitoramento de Áreas Especiais (ProAe), o aplicativo desenvolvido pelo Censipam de Porto Velho (RO) contém dados sobre desmatamento ou da ação do homem sobre o meio ambiente, entre outros, mesmo que se tratem de pequenas intervenções. Poderão ter acesso às informações órgãos que tenham atuação na Amazônia, como secretarias de Meio Ambiente municipais ou estadual, Defesa Civil, Ministério Público, Polícia Federal, prefeituras e universidades.

De acordo com o diretor-geral do Censipam, Marcelo de Carvalho Lopes, a base de dados do ProAe possui imagens de satélite, atualizadas regularmente, incluindo cartas-imagem compactadas, informações temáticas georeferenciadas, além de dados estatísticos sobre desmatamento. Os dados, explicou, serão fornecidos em Cds. "Nosso objetivo é que tenhamos um alto grau de detalhes para que possamos compartilhar isso com outros órgãos estaduais, com atribuição de repressão ao desmatamento, como Ibama, polícias ambientais e Polícia Federal. Os dados permitirão que esses órgãos estruturem operações a partir das informações recebidas, identificando o incremento de ações ilícitas de desmatamento", destacou.

A versão do sistema lançada nesta quinta inclui análises de áreas no Acre, em Rondônia e Mato Grosso. E para garantir maior abrangência da região amazônica, outros técnicos do Censipam participam de treinamentos para padronização das normas de organização dos dados de outros estados. Com isso, até o primeiro semestre de 2008, os resultados uniformizados da Amazônia inteira estarão disponíveis. "Só em Rondônia estão sendo monitorados mais de 9,2 milhões de hectares de unidades de conservação estaduais, federais e terras indígenas. O objetivo não é monitorar todas as áreas, mas que se tenha um grau elevado de detalhes as áreas monitoradas", informou Lopes.

Ele explicou ainda que o sistema deverá fornecer, "em um segundo momento, informações sobre campos de pouso, movimento aéreo e mineração ilícita nesses três estados e, a partir de 2008, em toda a Amazônia Brasileira".

Fonte: Agência Brasil.

Como até julho de 2008, instâncias governamentais brasileiras planejam garantir a conexão em 220 pontos de presença para comunidades indígenas em todo o país acessarem a internet, é de se esperar que em breve jovens indígenas venham a ser capacitados para gerenciarem as áreas de suas aldeias utilizando esta moderna tecnologia, que também pode ser de grande valia na constituição de projetos de desenvolvimento sustentável ensejados por suas comunidades. Por outro lado, como vemos que poucos estudantes indígenas vêm se interessando pela área de contabilidade e administração, é bom lembrar que isso mantém uma tutela sobre os índios por parte dos chamados "homens civilizados", e esta tutela permanente só terminará quando as nações ameríndias puderem deixar de se preocupar apenas com o básico de sua sobrevivência e passarem a estabelecer projetos de longo prazo para as novas gerações. Esta a minha sincera expectativa: que a tecnologia fomentada venha de encontro às necessidades dos povos indígenas brasileiros, e não contra a biodiversidade de suas aldeias.

Conheçam como referencial uma página sobre o Projeto Pinkaiti, que vem sendo desenvolvido pela Conservation International junto aos Kayapó. A Smithsonian Magazine publicou em março de 2007 o artigo "Rain Forest Rebel", de Joshua Hammer, tratando sobre a experiência dos índios Suruí na utilização da moderna tecnologia de monitoramento, e pode-se ler também de Alan Boyle a reportagem "Amazon Indians go hi-tech to map their land". Vejam em slideshow os mapas trabalhados pelos índios (sobre o Tumucumaque) em Amazon Team.

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