Vexame anunciado
Que reflete na verdade o sentimento da nação:
É lobby, é conchavo, é propina, é jeton,
Variações do mesmo tema sem sair do tom.
Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei
Uma cidade que fabrica sua própria lei,
Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia -
Se essa palhaçada fosse na Cinelândia
Ia juntar muita gente pra pegar na saída,
Pra fazer justiça uma vez na vida:
Eu me vali deste discurso panfletário
Mas a minha burrice faz aniversário
Ao permitir que num país como o Brasil
Ainda se obrigue a votar por qualquer trocado,
Por um par se sapatos, um saco de farinha,
A nossa imensa massa de iletrados"
É lobby, é conchavo, é propina, é jeton,
Variações do mesmo tema sem sair do tom.
Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei
Uma cidade que fabrica sua própria lei,
Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia -
Se essa palhaçada fosse na Cinelândia
Ia juntar muita gente pra pegar na saída,
Pra fazer justiça uma vez na vida:
Eu me vali deste discurso panfletário
Mas a minha burrice faz aniversário
Ao permitir que num país como o Brasil
Ainda se obrigue a votar por qualquer trocado,
Por um par se sapatos, um saco de farinha,
A nossa imensa massa de iletrados"
A letra de 300 Picaretas, clássico de Os Paralamas do Sucesso, pode provar continuar muito atual. Receita de bolo: Brasília comemorando 50 anos de fundação no dia 21 de abril, um narcisista governador distrital ordenando repressão policial violenta contra manifestantes a favor de seu impeachment, um presidente da república focado apenas nas eleições nacionais, a última área de cerrado virgem na área do Plano Piloto sendo invadida pela especulação imobiliária em detrimento da população indígena lá radicada (muito ameaçada nos ultimos meses apesar da campanha pública a favor de criação da Reserva Indígena da Fazenda do Bananal), índios de todo o Brasil acampados em protesto contra as arbitrárias reformas na Funai, a insatisfação pública generalizada contra a atuação dos congressistas - ingredientes que formam uma mistura muito explosiva. Será que o 21 de Abril de 2010 em Brasília exibirá para o mundo inteiro as chagas da república brasileira tanto quanto o 22 de Abril de 2000 em Porto Seguro, onde os representantes indígenas, excluídos das celebrações por motivo de se apresentarem em atitude de protesto, foram barbaramente espancados e agredidos pelas forças de segurança? Seria uma ignomínia, uma vergonha escandalosa, mas será que, a menos de noventa dias dessas comemorações, haja alguém preocupado ou comprometido em impedir que esse vexame aconteça? Uma coisa é certa: em ano de eleições, vai ter muita gente caindo de cima do muro.
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