28 de outubro de 2009

O povo Kurâ e suas curas

"A doença é um fato universal. Mas para além do aspecto biológico, o adoecer é um fenômeno sociocultural. Diversos são os sistemas de representações no que diz respeito ao processo saúde/ doença, a vida e a morte. No Brasil tem-se mais de 200 línguas, 180 delas indígenas. No entanto, as políticas publicas com relação a esses povos , no campo da saúde, não levam em consideração tal diversidade sócio-cultural. Como todas as políticas públicas, elas são construídas a partir de princípios generalizantes e homogeneizadores.

O grande desafio é fazer com que os direitos garantidos constitucionalmente sejam colocados efetivamente em prática. Mas imenso é o abismo entre o pensar biomédico e o pensar das populações indígenas, que articulam o processo saúde/ doença à cosmologia. Tomar-se-á, aqui, como referencial empírico, a sociedade Kurâ-Bakairi, para demarcar o abismo intercultural que há entre o pensar ocidental e o pensar de populações tradicionais, tendo por referencial a prática da escarificação, condenada e tida como irracional pelo pensar biomédico.

Os Bakairi escarificam os seus corpos em várias situações e momentos de suas vidas. Ou seja, sangram a pele com um sarjador, por eles denominado
pain-hó. Tal prática, entre eles, foi registrada pela primeira vez por Karl Von den Steinen, cientista e explorador alemão que, nos idos de 1884 e 1887, dirigiu expedições ao Xingu (1940, 1942). Passado mais de um século, todavia, nada se tem escrito na bibliografia etnológica que venha a desvelar o seu sentido semântico mais profundo. Por que escarificam os seus corpos os Kurâ-Bakairi?"

Leiam o artigo completo em Saúde Indígena, Cosmologia e Políticas Públicas, de Edir Pina de Barros, da UFMT. Foto: Lunaé Parracho, em Agência Raizes.

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