11 de setembro de 2008

A Opção pelo Comércio Justo e Solidário

Banho de mar de criança Haliti-Paresi nos últimos Jogos Indígenas em Olinda, 2007

As idéias sobre comércio justo datam do século XIX quando, em 1860, era publicado um livro em que o personagem Max Havelaar denunciava as injustiças praticadas no comércio de café entre a Indonésia e os Países Baixos. Em meados do século XX nasciam as primeiras organizações de comércio justo na Europa, e a primeira loja de comércio justo entre a Holanda e países do Terceiro Mundo, com a venda do açúcar de cana e artesanato.

Segundo a definição da IFAT (International Federation of Alternative Trade): Comércio justo consiste em uma parceria comercial baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior eqüidade no comércio internacional. Ele contribui para o desenvolvimento sustentável através do oferecimento a produtores marginalizados de melhores condições de troca e maiores garantias de seus direitos.

Ainda de acordo com a European Fair Trade Association - EFTA (2001): "O comércio justo é uma aproximação alternativa ao comércio convencional internacional. É uma associação ao comércio que busca o desenvolvimento sustentável para os produtores excluídos e desfavorecidos. Busca prover melhores condições comerciais, através de campanhas de sensibilização".

Os princípios do comércio justo são que: o salário dos trabalhadores deve ser justo; o grupo produtor deve assegurar e promover a igualdade entre homens e mulheres; o grupo produtor deve buscar o desenvolvimento conjunto da população; a produção deve respeitar o entorno social e natural; o produto tem que ser de qualidade.

Em Mato Grosso, o Sebrae Nacional acaba de aprovar o projeto ‘Kani: Desenvolvimento Social e Econômico dos Povos Indígenas Paresí, Irantxe e Nambikwara por meio do Comércio Justo e Solidário’ da Associação Halitinã de Tangará da Serra.

De acordo com o coordenador Executivo do Projeto Kani, Luiz Alberto Pereira, em Mato Grosso apenas três projetos foram aprovados. “Em nosso estado apenas três projetos foram aprovados e nós fomos um deles. Este é um projeto que irá abranger três etnias, isso é muito bom”, observa Pereira.

O objetivo é ampliar os canais de comercialização por meio de ações de comércio justo e solidário de forma a desenvolver social e economicamente as comunidades dos Povos Indígenas Paresí, Irantxe e Nambikwara, com resultados concretos e sustentáveis, articulando políticas públicas locais favoráveis.

RESULTADOS FINALÍSTICOS - Ampliar o faturamento em 50 % até dezembro de 2009; Aumentar em 100% a quantidade de pontos de venda; Ampliar a área geográfica de atuação com a inserção de duas novas comunidades no projeto. Contudo, serão necessárias a realização de algumas ações para que os objetivos do projeto sejam atingidos, tais como: Elaborar um Plano de Ação para pontos de venda; Preparar equipe para ações de mercado (cursos e estruturação da área comercial); Capacitar equipe para participação em eventos e elaborar manual de participação; Desenvolver embalagens com design e ecologicamente corretas; Buscar certificação de produtos no comércio justo; Participar em feiras e eventos promocionais nacionais e internacionais; Apoiar ações para viabilizar o Comércio Justo; Contatar organizações no exterior para comercialização de produtos; Desenvolver estratégias de promoção comercial; Confeccionar material promocional; Desenvolver site em português, espanhol e inglês; Mensurar e avaliar os resultados obtidos.

Baseado em diálogo, transparência e respeito, o Comércio Justo e Solidário é um movimento crescente em todo o mundo. As instituições e empresas que atuam com esse conceito estão comprometidas com os direitos e a dignidade dos trabalhadores e da comunidade onde estão localizadas, respeitam o meio ambiente e praticam um preço justo na venda dos produtos, o que é bom para o produtor e também para o consumidor.

ALGUNS PROJETOS DA ASSOCIAÇÃO HALITINÃ – A Associação Indígena Halitinã de Tangará da Serra vem realizando projetos de sustentabilidade de renda tais como:

PROJETO KANI : Sustentabilidade e Geração de Renda na Extração do Pequi (Caryocar sp.) em Área Indígena Paresí patrocinado pela Petrobras 2007-2008. Em 2007 em seleção pública de projetos, firmou contrato com a Petrobras para ações de beneficiamento, geração de trabalho e renda e melhoria da qualidade alimentar, para 13 Aldeias do Povo Paresí, atendendo 419 pessoas na Terra Indígena Utiariti em ações de coleta seletiva, higienização, beneficiamento e comercialização de sub-produtos do Pequi, contando com parcerias da Universidade do Estado do Mato Grosso, Fundação Nacional do Índio, Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Tangará da Serra e Empaer – Empresa Matogrossense de Extensão Rural.
Kani – Sustentabilidade, Geração de Renda, inclusão socioeconômica na Extração e Beneficiamento de frutos nativos do cerrado em Terra Indígena Paresí e Reaplicação do Projeto em Terras Indígenas Irantxe e Nambikwara, patrocinado pela Petrobras 2008-2009. O contrato de patrocínio com a Petrobras foi renovado e estendeu suas ações para os Povos Indígenas Nambikwara e Irantxe atendendo 30 aldeias e ampliando suas ações para atividades de comercialização,

Kani: Desenvolvimento Social e Econômico dos Povos Indígenas Paresí, Irantxe e Nambikwara por meio do Comércio Justo e Solidário, firmado acordo com o Sebrae Nacional, 2008-2010. Com enfoque especifico em comercialização, foi selecionado pelo SEBRAE/NA para ações de capacitação, participação de férias e eventos em 2008-2010, o projeto KANI– Desenvolvimento Social e Econômico dos Povos Indígenas Paresí, Irantxe e Nambikwara por meio do Comércio Justo e Solidário e além da parceria com o SEBRAE/NA conta com a parceria da EMPAER, FUNAI, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, Secretaria de Industria e Comércio de Tangará da Serra.

KOHATSE - Criação de Peixes em tanque na aldeia Indígena Paresí Queimada. Parceria com a Secretaria de Aquicultura e Pesca (SEAP) 2008-2010 e Projeto de Piscicultura Aldeia Merure no município de General Carneiro-MT. Junto ao SEAP, encontra em fechamento convênio para criação de peixes em tanques para os Povos Indígenas Bororo-Meururi e Paresí – Aldeia Queimada.

Promoção de Saúde e Prevenção ao Uso Abusivo de Bebidas Alcoólicas na Sociedade Paresí – VIGISUS–Iniciativas Comunitárias 2008 - Atendimento das 50 aldeias Paresí com palestras, vídeos e discussões sobre o consumo abusivo de álcool em aldeias Paresí.

Indústria de Beneficiamento do Pequi – Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa). Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (Seder). Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer/MT), 2008. O Projeto visa a implantação de um poço artesiano, duas unidades de pré-beneficiamento para o Pequi e compra de equipamentos para beneficiamento de Pequi.

CRÉDITO DE CARBONO – MUNDUS CARBO – Esse projeto implica na venda de crédito de carbono para empresas multilaterais.

PARTICIPAÇÃO EM REDES - Atualmente a Associação Halitinã é membro coordenadora do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), que discute e propõe ações de agroecologia e agroextrativismo na região sudoeste do Estado do Mato Grosso, é membro coordenadora do Grupo de Intercâmbio de Agricultura Sustentável (GIAS), que discute ações de comercialização e sementes crioulas.

Fontes: Ponto Solidário, Diário da Serra, Associação Halitinã e Day Life.

Um comentário:

alcanave@gmail.com disse...

http://www.periodicopukara.com/articulo-del-mes.php
deste set 2008 traz o artigo
"Características del empresariado indígena del siglo XXI", de
Richard Díaz Chuquipiondo: confiram!