Os Ashaninka e o MRTA
As comunidades ashaninkas peruanas alertaram às altas autoridades do país sobre a presença do Movimiento Revolucionario Túpac Amaru (MRTA) na zona de Chanchamayo e o Vale do Ene.
"Até agora esperamos a indenização de nossos descensos e a recuperação de nossas armas estragadas. Estamos dispostos a combater a essas formigas terroristas que se encontram no meio da selva", declarou o dirigente nativo Santiago Condoricon durante uma cerimônia de reconhecimento ao Quartel Geral do Exército.
Na tarde do dia 19 último a etnia ashaninka foi à sede do Ministério Público para entregar pessoalmente a denúncia para a Fiscal da Nação, Gladys Echaíz, a fim de que as fiscalizações especializadas coletem a informação correspondente.
O ministro peruano de Defesa, Ántero Flores Aráoz, detalhou que a acusação será entregue ao embaixador do Peru na União Européia, Jorge Valdez, para sua difusão.
"Até agora esperamos a indenização de nossos descensos e a recuperação de nossas armas estragadas. Estamos dispostos a combater a essas formigas terroristas que se encontram no meio da selva", declarou o dirigente nativo Santiago Condoricon durante uma cerimônia de reconhecimento ao Quartel Geral do Exército.
Na tarde do dia 19 último a etnia ashaninka foi à sede do Ministério Público para entregar pessoalmente a denúncia para a Fiscal da Nação, Gladys Echaíz, a fim de que as fiscalizações especializadas coletem a informação correspondente.
O ministro peruano de Defesa, Ántero Flores Aráoz, detalhou que a acusação será entregue ao embaixador do Peru na União Européia, Jorge Valdez, para sua difusão.
Melatti explica que, assim como Juan Santos Atahualpa no período colonial peruano, na segunda metade do século XX alguns movimentos revolucionários daquele país procuraram refúgio e apoio na selva amazônica. O trotkista Hugo Blanco atuou na zona selvática do departamento de Cusco entre 1958 e 1962. O Ejército de Liberación Nacional (ELN) foi surpreendido em 1963 na cidade de Puerto Maldonado. Por sua vez o Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) desenvolveu luta guerrilheira nas terras dos ashaninkas (campas) em 1965, junto aos quais encontrou tanto colaboradores quanto adversários. Os ashaninkas voltam a ser envolvidos por movimentos revolucionários na década de Oitenta: o Movimiento Revolucionario Túpac Amaru (MRTA) e o Sendero Luminoso. Este último inicia na área suas ações armadas em 1982 e seu controle atinge o ápice em 1990 em todo o rio Ene e no alto Tambo. A adesão dos ashaninkas parece ser forçada, chegando a ficarem uns dez mil sob o controle do Sendero.
A partir de 1991 os ashaninkas organizam rondas ou comitês de auto-defesa contra os guerrilheiros, com o apoio do exército peruano. Em 1989 já tinha havido um levante dos ashaninkas contra o MRTA, por terem os membros deste movimento assassinado um importante líder indígena acusado de ter entregado ao exército um comandante guerrilheiro em 1965. O "exército ashaninka" organizado nesta ocasião dá por encerradas as suas atividades quando o exército peruano toma a base mais importante do MRTA na zona. No Gran Pajonal, já em 1988 havia um "exército ashaninka" que impediu a penetração do Sendero.
Os povos Ashaninka do Brasil e do Peru realizaram em fevereiro de 2008, na aldeia Sawawo, localizada no departamento de Ucayali (Peru), na fronteira com o estado do Acre, o I Encontro de Povos Indígenas Fronteiriços do Brasil-Peru, cujos pontos acordados foram os seguintes:
1º - Dar prosseguimento aos canais de diálogo e intercâmbio de experiências aos povos indígenas e outros povos da floresta do Brasil e Peru;
2º - Colaborar na identificação e implementação de estratégias de aproveitamento produtivo sustentável dos territórios indígenas fronteiriços de maneira a garantir fontes de subsistência e de comercialização;
3º - Acompanhar no processo de manejo florestal com intercâmbio de conhecimento em ambas as partes de fronteira;
4º - Realizar ações de controle de maneira conjunta sobre as invasões de Terra Indígenas fronteiriços;
5º - Promover intercâmbio de produtos entre as comunidades indígenas de fronteira;
6º - Que às comunidades indígenas assentadas nas zonas fronteiriças fiquem restritamente guardados o respeito territorial e o espaço de ambas as partes e o uso dos recursos naturais;
7º - Fica sobre a responsabilidade das normas comunitárias de ambas as partes o controle e a autorização respectiva para o trato com os transeuntes indígenas e não indígenas;
8º - Ambos os lados se comprometem em socializar informação e identificação de índios isolados para garantir seus direitos;
9º - Concordamos que as coordenações responsáveis pelas decisões e acordos tomados pelas comunidades indígenas e as delegações presentes neste I Encontro de Povos Indígenas Fronteiriço do Brasil-Peru seja a UCIFP – União das Comunidades Indígenas Fronteiriças do Peru, pelo lado peruano e a APIWTXA - Associação Ashaninka do Rio Amônia e a OPIRJ – Organização dos povos indígena do rio Juruá, pelo lado brasileiro.
Em carta veiculada ano passado por Nicole Algranti, o líder indígena brasileiro Benki Ashaninka assim se pronunciava a respeito dos problemas atuais:
"Nossa terra está sendo destruída, queimada. Acontece por todos os lugares do Brasil. O ar está sendo tomado por fumaça, muitas pessoas ficando doentes. Ninguém está escutando a natureza gemendo. Vamos nos unir entre todas as nações para fortalecer a política de proteção ao meio ambiente. E também mostrar para o mundo o que está acontecendo. Quero dizer que eu estou muito triste de ver nosso povo sendo destruído dessa forma, desrespeitado pelos madeireiros que invadem nossas terras e fazendeiros que derrubam nossa floresta. Eu estive na linha de fronteira ontem e participei de uma reunião com as comunidades Sawawo e Novo Shawaya, no Peru, que estão sendo invadidas pelos madeireiros e traficantes, que estão se juntando para destruir as terras com retirada de madeiras. Eu encontrei nosso povo Ashaninka todo armado e partindo para guerra contra esses invasores. Tinha 100 guerreiros do exército Ashaninka armados e partindo para o confronto com estes invasores que estão em sua terra. Eu fiquei muito triste com esta cena: nosso povo se defendendo. Parece no passado, no tempo da escravidão. Cadê os nossos direitos formados para termos pelo menos um pedaço de terra para vivermos? Quero mandar uma carta para a COICA e os representantes desta América Latina, que estão nestes poderes para nos representar e cuidar de nós, indígenas. Quero também que esta carta chegue à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, porque queremos nosso direito respeitado como humanos desta Terra, que estão com seu coração angustiado, sem saída, porque nossa vida está nesta floresta. Este é o nosso coração e o coração de nossa terra. Por este motivo estão enfrentado os invasores. Nós também vamos ajudar nosso parente, para não morrer sozinho, que também estamos sendo afetados e não temos para onde correr.Esta carta é de um guerreiro que defende o nosso povo e o nosso país. Ganhei o Prêmio de Direitos Humanos, mas não vou parar por aqui. Desculpe a minha letra, mas o sentido das palavras é o que importa para mim."
A partir de 1991 os ashaninkas organizam rondas ou comitês de auto-defesa contra os guerrilheiros, com o apoio do exército peruano. Em 1989 já tinha havido um levante dos ashaninkas contra o MRTA, por terem os membros deste movimento assassinado um importante líder indígena acusado de ter entregado ao exército um comandante guerrilheiro em 1965. O "exército ashaninka" organizado nesta ocasião dá por encerradas as suas atividades quando o exército peruano toma a base mais importante do MRTA na zona. No Gran Pajonal, já em 1988 havia um "exército ashaninka" que impediu a penetração do Sendero.
Os povos Ashaninka do Brasil e do Peru realizaram em fevereiro de 2008, na aldeia Sawawo, localizada no departamento de Ucayali (Peru), na fronteira com o estado do Acre, o I Encontro de Povos Indígenas Fronteiriços do Brasil-Peru, cujos pontos acordados foram os seguintes:
1º - Dar prosseguimento aos canais de diálogo e intercâmbio de experiências aos povos indígenas e outros povos da floresta do Brasil e Peru;
2º - Colaborar na identificação e implementação de estratégias de aproveitamento produtivo sustentável dos territórios indígenas fronteiriços de maneira a garantir fontes de subsistência e de comercialização;
3º - Acompanhar no processo de manejo florestal com intercâmbio de conhecimento em ambas as partes de fronteira;
4º - Realizar ações de controle de maneira conjunta sobre as invasões de Terra Indígenas fronteiriços;
5º - Promover intercâmbio de produtos entre as comunidades indígenas de fronteira;
6º - Que às comunidades indígenas assentadas nas zonas fronteiriças fiquem restritamente guardados o respeito territorial e o espaço de ambas as partes e o uso dos recursos naturais;
7º - Fica sobre a responsabilidade das normas comunitárias de ambas as partes o controle e a autorização respectiva para o trato com os transeuntes indígenas e não indígenas;
8º - Ambos os lados se comprometem em socializar informação e identificação de índios isolados para garantir seus direitos;
9º - Concordamos que as coordenações responsáveis pelas decisões e acordos tomados pelas comunidades indígenas e as delegações presentes neste I Encontro de Povos Indígenas Fronteiriço do Brasil-Peru seja a UCIFP – União das Comunidades Indígenas Fronteiriças do Peru, pelo lado peruano e a APIWTXA - Associação Ashaninka do Rio Amônia e a OPIRJ – Organização dos povos indígena do rio Juruá, pelo lado brasileiro.
Em carta veiculada ano passado por Nicole Algranti, o líder indígena brasileiro Benki Ashaninka assim se pronunciava a respeito dos problemas atuais:
"Nossa terra está sendo destruída, queimada. Acontece por todos os lugares do Brasil. O ar está sendo tomado por fumaça, muitas pessoas ficando doentes. Ninguém está escutando a natureza gemendo. Vamos nos unir entre todas as nações para fortalecer a política de proteção ao meio ambiente. E também mostrar para o mundo o que está acontecendo. Quero dizer que eu estou muito triste de ver nosso povo sendo destruído dessa forma, desrespeitado pelos madeireiros que invadem nossas terras e fazendeiros que derrubam nossa floresta. Eu estive na linha de fronteira ontem e participei de uma reunião com as comunidades Sawawo e Novo Shawaya, no Peru, que estão sendo invadidas pelos madeireiros e traficantes, que estão se juntando para destruir as terras com retirada de madeiras. Eu encontrei nosso povo Ashaninka todo armado e partindo para guerra contra esses invasores. Tinha 100 guerreiros do exército Ashaninka armados e partindo para o confronto com estes invasores que estão em sua terra. Eu fiquei muito triste com esta cena: nosso povo se defendendo. Parece no passado, no tempo da escravidão. Cadê os nossos direitos formados para termos pelo menos um pedaço de terra para vivermos? Quero mandar uma carta para a COICA e os representantes desta América Latina, que estão nestes poderes para nos representar e cuidar de nós, indígenas. Quero também que esta carta chegue à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, porque queremos nosso direito respeitado como humanos desta Terra, que estão com seu coração angustiado, sem saída, porque nossa vida está nesta floresta. Este é o nosso coração e o coração de nossa terra. Por este motivo estão enfrentado os invasores. Nós também vamos ajudar nosso parente, para não morrer sozinho, que também estamos sendo afetados e não temos para onde correr.Esta carta é de um guerreiro que defende o nosso povo e o nosso país. Ganhei o Prêmio de Direitos Humanos, mas não vou parar por aqui. Desculpe a minha letra, mas o sentido das palavras é o que importa para mim."
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