A Arte das Aranhas
Nunca viram, entre as ramas das árvores, escondida mas impecável, uma enorme e bela teia de aranha? Repararam alguma vez quando ao amanhecer o orvalho em gotas e o reflexo dos raios de sol fazem-na brilhar como se fosse um tecido de fios de vidro?
Trabalhadora incansável, a aranha passa sua vida tecendo sua teia. É tão hábil, que a mão do homem inveja sua maestria.
Contam que os antepassados dos kaxinawás se vestiam com folhas de planta porque não sabiam fiar nem tecer. Um belo dia uma aranha chamada Basnempöro se apiedou deles e decidiu ajudá-los. Ocorreu-lhe uma idéia mágica: transformar-se em mulher, ir viver com os kaxinawás e fiar e tecer para eles, que isso lhes fazia grande falta.
Assim que Basnempöro se instalou na ladeira, correu a notícia de que havia chegado uma mulher que praticava a arte da fiação e da tecelagem. Os moradores começaram a levar-lhe punhados de algodão, que Basnempöro transformava em vestidos, mantas e tecidos para os mais diversos usos.
Um dia, uma kaxinawá lhe levou quatro enormes jamaxis cheios de algodão e lhe encomendou que lhe fizesse uma rede e várias peças de roupa.
Quatro dias depois, a mulher foi à casa de Basnempöro para receber suas coisas. Qual não foi sua surpresa de ver que estas ainda nõ estavam prontas.
- Que foi que aconteceu ?! – disse a mulher, colocando as mãos na cabeça – Onde estão minha rede e tudo o mais? – E completou:
- Devolva-me o algodão que eu lhe dei!
- Impossível, boa mulher. – respondeu Basnempöro – Eu engoli todo o algodão para...
- Engoliu meu algodão? Você engoliu meu algodão! – interrompeu-a, gritando, a mulher – Você é uma ladrona!
A ingrata não quis escutar a explicação de Basnempöro: Em primeiro lugar, ela precisava engolir o algodão para que uma vez este digerido saísse transformado em fio; só daí podia começar a tecer. A mulher lhe tinha trazido tanto algodão, que a aranha não tivera tempo de transformá-lo em fio. Mas a dona dos quatro jamaxis de algodão estava furiosa e foi de casa em casa contando às pessoas que Basnempöro lhe havia roubado seu algodão.
Os rumores se espalham como o vento, sempre dão a volta e regressam. A aranha se inteirou do que se dizia dela por boca de uma amiga, e ficou muitíssimo aborrecida. Apressou seu trabalho, terminou a rede e as demais peças, e chamou a mulher que a tinha difamado.
- Estão aqui suas coisas. – lhe disse – E também este novelo de linha que sobrou. Pega tudo e vai embora. Sei que você esteve falando mal de mim. Não quero mais nada com você nem com seu povo.
A mulher, envergonhada, se foi sem dizer palavra.
No dia seguinte, Basnempöro foi à casa de sua única amiga e lhe disse:
- Cansei de viver aqui. Quando vim, o fiz com a intenção de ajudá-los. Mas vocês não souberam apreciar minha boa vontade. Por isso nunca voltarei a trabalhar para vocês. Mas você, como foi minha amiga, vou lhe ensinar os segredos do fiar e do tecer. Se quiser, poderá ensinar aos que queiram aprender.
Assim o fez, e depois desapareceu e voltou a usar sua forma original de aranha.
A partir de então, graças aos ensinos que deixou Basnempöro, as mulheres kaxinawás sabem fiar e tecer com grande habilidade, apesar de que talvez jamais alcancem a perfeição e delicadeza da teia de aranha.
Fonte: Terra Brasileira e Gioviluna
Trabalhadora incansável, a aranha passa sua vida tecendo sua teia. É tão hábil, que a mão do homem inveja sua maestria.
Contam que os antepassados dos kaxinawás se vestiam com folhas de planta porque não sabiam fiar nem tecer. Um belo dia uma aranha chamada Basnempöro se apiedou deles e decidiu ajudá-los. Ocorreu-lhe uma idéia mágica: transformar-se em mulher, ir viver com os kaxinawás e fiar e tecer para eles, que isso lhes fazia grande falta.
Assim que Basnempöro se instalou na ladeira, correu a notícia de que havia chegado uma mulher que praticava a arte da fiação e da tecelagem. Os moradores começaram a levar-lhe punhados de algodão, que Basnempöro transformava em vestidos, mantas e tecidos para os mais diversos usos.
Um dia, uma kaxinawá lhe levou quatro enormes jamaxis cheios de algodão e lhe encomendou que lhe fizesse uma rede e várias peças de roupa.
Quatro dias depois, a mulher foi à casa de Basnempöro para receber suas coisas. Qual não foi sua surpresa de ver que estas ainda nõ estavam prontas.
- Que foi que aconteceu ?! – disse a mulher, colocando as mãos na cabeça – Onde estão minha rede e tudo o mais? – E completou:
- Devolva-me o algodão que eu lhe dei!
- Impossível, boa mulher. – respondeu Basnempöro – Eu engoli todo o algodão para...
- Engoliu meu algodão? Você engoliu meu algodão! – interrompeu-a, gritando, a mulher – Você é uma ladrona!
A ingrata não quis escutar a explicação de Basnempöro: Em primeiro lugar, ela precisava engolir o algodão para que uma vez este digerido saísse transformado em fio; só daí podia começar a tecer. A mulher lhe tinha trazido tanto algodão, que a aranha não tivera tempo de transformá-lo em fio. Mas a dona dos quatro jamaxis de algodão estava furiosa e foi de casa em casa contando às pessoas que Basnempöro lhe havia roubado seu algodão.
Os rumores se espalham como o vento, sempre dão a volta e regressam. A aranha se inteirou do que se dizia dela por boca de uma amiga, e ficou muitíssimo aborrecida. Apressou seu trabalho, terminou a rede e as demais peças, e chamou a mulher que a tinha difamado.
- Estão aqui suas coisas. – lhe disse – E também este novelo de linha que sobrou. Pega tudo e vai embora. Sei que você esteve falando mal de mim. Não quero mais nada com você nem com seu povo.
A mulher, envergonhada, se foi sem dizer palavra.
No dia seguinte, Basnempöro foi à casa de sua única amiga e lhe disse:
- Cansei de viver aqui. Quando vim, o fiz com a intenção de ajudá-los. Mas vocês não souberam apreciar minha boa vontade. Por isso nunca voltarei a trabalhar para vocês. Mas você, como foi minha amiga, vou lhe ensinar os segredos do fiar e do tecer. Se quiser, poderá ensinar aos que queiram aprender.
Assim o fez, e depois desapareceu e voltou a usar sua forma original de aranha.
A partir de então, graças aos ensinos que deixou Basnempöro, as mulheres kaxinawás sabem fiar e tecer com grande habilidade, apesar de que talvez jamais alcancem a perfeição e delicadeza da teia de aranha.
Fonte: Terra Brasileira e Gioviluna
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