"Txai", uma moeda social
MOEDA SOCIAL é um “bônus” que se utiliza em transações entre grupos de pessoas ou empreendimentos dispostos a cultivar a confiança, cooperação, solidariedade, transparência e a distribuição da riqueza entre todos os participantes do jogo da vida, em vez da especulação, competitividade e concentração da riqueza em poucas mãos. Em eventos da Economia Solidária vem-se utilizando distintas moedas sociais: em janeiro de 2005, no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, o TXAI foi utilizado por primeira vez. TXAI é uma palavra que significa “companheiro”, “amanhã” e “metade preciosa de mim, metade de mim em você” para a tribo kaxinawá, da floresta tropical do Peru e do Brasil; ela foi escolhida como homenagem às primeiras nações do continente, em razão de seu significado, que evoca compromisso e reciprocidade nas relações sociais. Também existem o ECO SAMPA criado em São Paulo e a moeda MATE, no Rio Grande do Sul, para uso em eventos massivos.
A moeda social funciona como uma moeda complementar similar a outras existentes na atualidade, em países de todas as regiões do mundo. Os exemplos mais conhecidos são os pioneiros LETS do Canadá, Europa e Austrália, os SELs provenientes da França, e os milhares de grupos/clubes de “trocas solidárias” na América Latina, além de múltiplos sistemas no Japão e Coréia. Uma característica particular é que a moeda social não tem juros nem valor de reserva, isto é, não pode ser depositada nos bancos para produzir mais dinheiro. Em outras palavras, moeda social favorece a produção e não a especulação. Como são produzidas para ativar as economias locais, as moedas sociais devem ser utilizadas num âmbito restringido, durante um período de tempo também restringido: ao final do evento devem voltar ao lugar de origem e assim “forçar” as pessoas que as usam a “comprar” tanto quanto “venderam”, respeitando um princípio básico das trocas solidárias: não acumular a moeda, que é um simples instrumento de intercambio e não uma mercadoria, como a moeda oficial.
As moedas sociais podem ser obtidas de várias maneiras:
a) a partir do depósito de produtos levados pelo participante ao ECOBANCO, que entrega ao produtor uma quantidade de unidades de moeda social, correspondente a uma tabela de valores pré-fixados. ECOBANCO é o mecanismo através do qual se torna possível trocar produtos por moeda social, de modo a permitir que operações de “compra” e “venda” sem dinheiro oficial se realizem entre muitas pessoas, superando as limitações da troca direta. Trata-se de uma operação geradora do “efeito dinheiro”, mas sem lucro para terceiros. Uma vez que os intercambios aconteceram, desaparece o Ecobanco. Não existem, pois, “ecobanqueiros” que tenham lucro, mas sim uma “equipe operativa” responsável de uma gestão transparente e equitativa. Funciona num espaço indicado como tal, até o final do evento. O conjunto de produtos depositados por todos formará o “lastro” do ECOBANCO, que é o respaldo que permite colocar em circulação a moeda social;
b) a partir da aquisição em moeda oficial de uma cartilha pedagógica de divulgação da iniciativa, que traz algumas moedas sociais como “brinde” de finalidade pedagógica;
c) se alguém quiser participar da experiência e não tiver produtos proprios, poderá adquirir, com moeda oficial, produtos da Economia Solidária e trocá-los por unidades de moeda social no ECOBANCO.
Ao final do evento, é feita a des-troca das moedas sociais que estiverem nas mãos dos participantes por produtos do lastro. Para evitar que os participantes acumulem excesso de moeda social e paralisem o mercado, é importante ressaltar que não há troca de moeda social por moeda oficial, mas só por produtos do lastro do ECOBANCO.
Fonte: Codigo Libre. Para saber mais sobre Economía Solidária e moedas sociais, consultem:
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