18 de dezembro de 2009

Os Contos de Chullachaqui

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Assim como as montanhas dos Andes têm seus deuses, guardiões e protetores: os muquis; as florestas da Amazônia, também, são os Sacha-runas (homens-árvore), um deles é o Chullachaqui, de estatura pequena para mover-se melhor na mata, a cabeça escura e desproporcional e, como o Currupira brasileiro, Chullachaqui distingue-se por uma peculiaridade em seus pés, desiguais entre si, daí o seu nome em quíchua (Chulla= desigual, Chaqui= pés). Há uma variedade de aparências atribuídas a este ser, ou dizem que um pé está virado para trás, ou que tem o formato de pata de animais (jaguatirica, onça-pintada, veados, catetos, queixadas).
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“Os contos do Chullachaqui têm sido contados e recontados tantas vezes que é difícil estudar as situações concretas nas quais aconteceram essas experiências. Chullachaqui é o símbolo do silvestre e guardião do equilíbrio ecológico. A exploração irracional do caucho no final do século 19 e começo do século 20 marcou a destruição da natureza. É opinião comum que os contos de Chullachaqui proliferaram nessa época. É significativo que não dirigisse seus ataques contra os patrões causantes dos males, mas sim debochasse dos peões oprimidos que em muitos casos viviam em uma condição de escravos.
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O Chullachaqui é símbolo do que fica mais além da sociedade humana e estas experiências de deboche podem ser protestos de homens explorados e fora do amparo da sociedade. É possível que vários outros casos também sejam expressões de homens frustrados e mulheres e crianças desatendidos.
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É certo que existem muitos perigos na floresta e que as experiências com o Chullachaqui podem ser uma representação desta inquietação. Entretanto, há indícios que sugerem outra explicação a mais. Este espírito muitas vezes se apresenta em forma de um parente ou de um amigo, o qual lhe leva a perder-se e logo debocha dele. Segundo a interpretação psicológica, estas experiências poderiam ser projeções de sentimentos de agressão que a pessoa sente em relação a seus familiares ou amigos e que ficam reprimidos por não expressá-los diretamente. O fato de se falar de um familiar aparente, que debocha de alguém, faz possível esta interpretação. O símbolo é um fenômeno tão complexo que é provável que uma mesma imagem possa ser empregada em situações distintas e por meio de diversos mecanismos”.
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Fonte: Blog Leyendario Amazónico e Regan, Jaime: “Hacia la Tierra sin Mal – La Religión del Pueblo en la Amazonía”. Iquitos, 1993, CETA – Centro de Estudios Teológicos de La Amazonía. 484 p. Páginas 189-190.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá,
Os seres míticos que povoam a floresta tem muitas aparições. Em um vídeo caseiro filmado na mata recentemente, vimos, alguma coisa parecida com um vulto de uma pessoa correndo numa velocidade acelerada. Em algumas fotos tiradas na mata, já ví aparecerem seres. É um encontro, que faz nossas mentes ocidentais, e educaas de maneira "científica" pararem e não encontrar resposta.
Mas é certo, da existencia e aparição de diverss seres míticos por toda a floresta amazônica, relatado em vários "causos".
Grande Abraço.

Pedro Barbosa disse...

Olá. O vídeo está disponível em alguma plataforma?